Maria Júlia Marques
Do UOL, em São Paulo
Pelo menos 60 manifestantes ocupam desde a tarde desta segunda-feira (10) o escritório da Presidência da República em São Paulo, localizado na avenida Paulista. Eles são contrários à proposta de emenda à Constituição 241, a PEC do teto, que limita o aumento de gastos do governo à inflação oficial dos 12 meses anteriores.
O protesto é realizado em sua maioria por estudantes secundaristas. Eles afirmam que só deixarão o prédio quando a proposta for "rejeitada" pela Câmara dos Deputados. "Quando chegamos entramos pela porta da frente no começo entraram três pessoas e depois veio o resto de nós correndo, cerca de 60, e o segurança, que estava sozinho, não conseguiu impedir nada", disse uma estudante que não quis se identificar.
Organizam a ocupação a UNE (União Nacional dos Estudantes), a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), a UEE-SP (União Estadual dos Estudantes), a UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas) e outros movimentos sociais.
De acordo com nota divulgada pela UNE, os estudantes "reivindicam o fim da PEC 241, do projeto escola sem partido e da MP da reforma do ensino médio; além de denunciarem a mercantilização da educação, os retrocessos nas políticas educacionais com o Fies, o ProUni e as cotas e a falta de diálogo e o autoritarismo do governo golpista de Michel Temer e do ministro Mendonça Filho."
A votação da PEC do teto fez com que 94 escolas e institutos federais em dez Estados fossem ocupados até o fim da manhã desta segunda, de acordo com outra nota divulgada pela UBES.
Sem comida
Após o começo da ocupação, a Polícia Militar bloqueou a entrada do prédio para impedir a entrada de mais manifestantes. Também foi interditada a quadra onde está localizada a sede da Presidência em São Paulo. "Nós temos água e banheiro, mas não temos comida. Estamos nos organizando para que dois de nós deixem o prédio e providenciem comida para o resto, mas ainda não sabemos se eles vão conseguir voltar com o bloqueio da polícia no prédio", disse ao UOL o diretor de comunicação da UNE, Mateus Weber.
Weber afirma que as negociações com a PM e os seguranças ocorrem, por enquanto, sob um clima de tranquilidade. "Não sabemos ao certo como vamos reagir se a PEC não for revogada. Tem policiais e os próprios seguranças do prédio aqui com a gente, eles querem nos fazer descer para o térreo, mas não vamos. E por enquanto o clima não esta agressivo".
O UOL apurou que o oficial no comando da operação da PM chama-se Major André. Ele está dentro do prédio em contato direto com os manifestantes. Policiais militares disseram que não saber por quanto tempo a entrada do local será bloqueada.
Por volta das 19h30, oito advogados ligados a sindicatos tentaram, sem sucesso, entrar no prédio. Eles alegam os PMs revistam os manifestantes em uma tentativa de intimidá-los e forçá-los a encerrar a ocupação. "Eles estão tentando assustar a molecada", disse o representante do sindicato dos Advogados, Vagner Patini.
A PM não se pronunciou sobre o assunto com a imprensa que estava no local. Por volta das 21h, os manifestantes que se concentraram em frente ao prédio se dispersaram. A ocupação continua até o presente momento.
Votação na Câmara
A base de apoio do presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu aprovar na manhã desta segunda-feira (10) na Câmara a supressão do intervalo de duas sessões para a votação em primeiro turno da PEC do teto, o que permitirá que o projeto seja votado ainda na tarde de hoje. A Câmara iniciou às 14h a sessão que deverá votar a proposta.
Por sua vez, o presidente Michel Temer mostrou confiança na aprovação da proposta e disse não ter plano B, mas indicou que haverá aumento de impostos se a medida fracassar no Congresso.
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