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por Camarão seco
Para resolver os inúmeros protestos que têm virado rotina em São Luís, a administração do prefeito Edivaldo Holanda Júnior encontrou uma solução bem parecida com aquela que costuma ser adotada por Flávio Dino: a judicialização de qualquer fato que o incomode. Para acabar com as greves, ingressou com ações na justiça pedindo a ilegalidade dos movimentos. Assim, praticamente encerrou a greve dos rodoviários – obrigando a circulação de 70% da frota, por meio de decisão do Tribunal Regional do Trabalho.
O Tribunal de Justiça do Maranhão igualmente declarou ilegal a paralisação dos professores da rede pública municipal em São Luís. Simples, não? O desembargador Antônio Guerreiro Júnior acatou ao pedido do prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior, que ajuizou uma ação contra os professores alegando que o movimento seria ilegal, já que as aulas são consideradas essenciais e não poderiam ser interrompidas.
Mas, além dos autos existe um cotidiano de revolta crescente contra o grupo político de Flávio Dino e Holanda Júnior. O raciocínio escapa ao ambiente empolado dos juristas e corre solto nas franjas das classes menos favorecidas de São Luís. Se as greves dos rodoviários e professores municipais são ilegais, então eles estão “condenador” a viver com salários defasados, dirigir ônibus velhos, ensinar em escolas depredadas? No pior sentido, a justiça é cega por não enxergar tudo isto. Usuários já
fizeram protestos contra o estado dos ônibus. Pais e alunos também já se manifestaram contra as péssimas instalações de algumas escolas municipais. Por ironia do destino, o pré-candidato ao Governo do Estado, Flávio Dino é autor de uma monografia de conclusão do curso de Direito, da Universidade Federal do Maranhão, com o título “O Direito de Greve do Brasil”. Mas o prefeito que ele prometia ser a solução para todos os problemas de São Luís agora costuma cercear o direito de greve, assegurado pela Constituição Federal a todo trabalhador brasileiro.
Indignados, os professores acordaram o prefeito na porta de seu luxuoso prédio na Avenida dos Holandeses, na manhã desta quarta-feira (4). Sempre ausente do Palácio de La Ravardière, de onde deveria governar a cidade, Holandinha foi mais uma vez o principal motivo de insatisfação, nas palavras de ordem do carro de som.
O grupo político de Flávio Dino costuma, de forma estelionatária, a palavra “Diálogo”, mas não tem como hábito dialogar com diferentes segmentos sociais, exceto para pedir votos. A repressão judicial é o meio que encontram para colocar um fim ao que lhes desagrada. E, contra os fatos não há argumentos – ainda que eles estejam contidos nos autos.
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SOBRE O AUTOR
Nasceu em São Luís do Maranhão, em novembro de 1972. Formado em Letras, possui estudos sobre as relações entre Política e Literatura. O blog Camarão Seco é uma homenagem à cultura popular do Maranhão e, como sugere o nome, servirá para acompanhar os diversos temas que movimentam o noticiário local.
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