Fogo em fábrica que fornece embalagens para empresas ocidentais provoca explosão de uma caldeira. País tem histórico de acidentes causados em razão das más condições de trabalho.
Fogo em fábrica que fornece embalagens para
empresas ocidentais provoca explosão de uma caldeira. País tem histórico de
acidentes causados em razão das más condições de trabalho.
Bangladesh
Dhaka - Feuerwehr löscht Brand bei Fabrik
Ao menos 25 pessoas morreram neste sábado (10/09)
após a explosão de uma caldeira numa fábrica localizada na área industrial de
Gazipur, em Bangladesh. As autoridades informaram que o incêndio provocado pela
explosão deixou pelo menos 70 feridos, no pior desastre industrial ocorrido no
país desde o colapso de um edifício em 2013.
O incidente, ocorrido nas proximidades da capital,
Dhaka, ocorreu num edifício de cinco andares da empresa Tampaco Foils, que
fabrica materiais de embalagem de alimentos e bebidas para clientes como a
Nestlé. No momento da explosão, um grande número de trabalhadores estava na
fábrica.
"Soubemos que havia produtos químicos
armazenados no piso térreo, o que fez com que o fogo se espalhasse
rapidamente", afirmou o chefe da unidade de polícia industrial de
Bangladesh, Tahmidul Islam.
As condições de trabalho nas fábricas em Bangladesh
são alvo de denúncias desde antes do desastre sem precedentes de 2013, quando o
colapso do complexo Rana Plaza matou 1.129 pessoas, deixando mais de 2,5 mil
feridos.
Problemas de estrutura na construção foram
detectados antes do acidente, mas os proprietários e administradores do local
obrigaram os trabalhadores a continuarem com as operações. Na ocasião, 42
pessoas foram acusadas de assassinato. A empresa fabricava roupas para marcas
ocidentais como Benetton, Mango, Primark e Wal-Mart.
Condições "deploráveis" de trabalho
Apesar da enorme repercussão da tragédia de 2013 em
todo o mundo, as grandes empresas têxteis internacionais continuaram a
contratar os serviços das fábricas de Bangladesh. Um relatório de 2015 da
organização Human Rights Watch descreveu as condições de trabalho no país como
"deploráveis".
Apesar de reconhecer que a indústria têxtil
contribuiu para o aumento gradual do padrão de vida no país, o relatório da ONG
conclui que isso ocorreu "ao custo de vidas humanas e do sofrimento dos
trabalhadores da indústria têxtil, que lutam por um futuro melhor".
Em maio deste ano, o jornal americano New York
Times se juntou a outros órgãos de imprensa internacionais que denunciam as
gigantes da indústria têxtil, incluindo as redes H&M e Wal-Mart.
O diário mencionou um relatório da Asia Floor Wage
Alliance – uma coalizão de sindicatos trabalhistas e organizações de direitos
humanos e dos trabalhadores – que acusa os empresários não apenas de violarem
as leis de segurança, mas de práticas de assédio sexual e de pagar mal os
funcionários.
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