Por - iG São Paulo
Camila Lanes, de 19 anos, relata agressões nos atos por parte dos policiais e diz que tomada das ruas faz parte do "plano"
No comando da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) há apenas duas semanas, Camila Lanes, de 19 anos, assumiu a função em um dos momentos mais importantes para o movimento estudantil do Brasil. Assim que pôde, Camila, que é paranaense, veio para São Paulo para acompanhar de perto as ocupações das escolas estaduais, que já reúnem pelo menos 7 mil alunos. Muito mais do que a luta contra a reorganização, o momento é de luta pelos direitos, avalia a líder. “Brigamos pelo direito de estudar, é esse o sentimento que permeia”, conta.
Camila Lanes, presidente da Ubes
A presidente estava no ato da última terça-feira (1º), na avenida Nove de Julho, que levou à detenção de quatro pessoas. Organizado pelos alunos das escolas ocupadas, o ato pacífico foi duramente reprimido pela Polícia Militar. A presidente da UBES, Camila Lanes, não chegou a ser levada ao DP, mas durante o ato ficou cerca de 40 minutos “imobilizada” por policiais. “Sou figurinha carimbada nos atos, já me conhecem”, conta Camila. A presidente relata que dos quatro presos, dois são alunos da E.E Fernão Dias. Camilla Rodrigues, sua homônima, e um menino sofreram agressões por parte dos policiais. Muitos não usavam a identificação, relata ela.
Camila com Camilla Rodrigues, aluna da E.E. Fernão Dias que foi detida no ato da última terça-feira (1)
Durante os anos da ditadura, a perseguição a líderes do movimento estudantil foi muito forte. Nas redes sociais, a truculência policial tem sido comparada à da Ditadura, com hashtags como #aditaduravoltou. Camila diz que é uma comparação muito extrema, já que durante a ditadura houve desaparecimentos e morte. Mas concorda que a censura paira novamente e enxerga um clima de terror que também remete ao regime militar.
O movimento ocupista, que até então estava restrito ao espaço da escola, agora toma conta da cidade. As ocupações das ruas começaram na última segunda-feira (30), com o fechamento de um trecho da Av. Faria Lima. Camila diz que a tomada das ruas faz parte do “plano”. Ficar apenas nas escolas não muda a vida do cidadão paulistano, que deve ser alertado do problema. “Tem que afetar todo mundo de São Paulo, pelo bem ou pelo mal”, avalia ela.
Camila Lanes, presidente da Ubes
Junto a outros líderes, Camila tenta unificar um comando das ocupações. Mas defende que não ter uma liderança não foi um grande problema. “O fato de não ter uma unificação não prejudicou porque não impediu que as ocupações crescessem”, afirma.
A presidente critica o argumento utilizado pelo governo Alckmin para justificar a reorganização. “Por que ele não reabre as 3 mil salas de aula que fechou?”, questiona. “Com todo respeito, é uma lógica burra”, diz ela. Um grupo de pesquisadores da UFABC (Universidade Federal do ABC), que teve acesso ao plano de reorganização –não divulgado publicamente – avaliou que o documento carece de elementos científicos que justifiquem a reorganização.
Na manhã desta quarta-feira (2), a PM também reprimiu um ato dos estudantes na Av. Dr. Arnaldo.
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