Governador paulista avaliou ainda que Michel Temer tem as qualificações necessárias para assumir o poder, caso a presidente Dilma deixe o cargo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta segunda-feira que a abertura das investigações contra os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Comunicação Social, Edinho Silva, por suspeita de envolvimento no petrolão coloca a campanha da presidente Dilma Rousseff no centro da Operação Lava Jato. O tucano, contudo, saiu em defesa do senador paulista Aloysio Nunes (PSDB-SP), também alvo de inquérito, e disse não se sentir constrangido com as investigações contra seu correligionário. "Investigação é para todos. Todos são iguais perante a lei. Agora ele (Aloysio) já se defendeu. E também não tem nenhum sentido um dos principais líderes da oposição ter qualquer ascendência sobre a Petrobras ou o governo", afirmou o tucano, durante entrevista após o Desfile Cívico e Militar de 7 de Setembro no Sambódromo do Anhembi, na capital paulista.
Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki autorizou o pedido de abertura de inquérito para investigar Nunes, Mercadante e Edinho no âmbito da Operação Lava Jato. Todos foram citados pelo delator do petrolão Ricardo Pessoa, dono da UTC, em depoimentos à força-tarefa da Lava Jato, conforme revelou VEJA. Entre as informações demolidoras repassadas por Pessoa está a de que foi com a verba desviada da Petrobras que a UTC doou dinheiro para as campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2014. E mais: o empreiteiro delatou as somas que entregou, segundo ele, mediante achaques e chantagens. Pessoa afirmou que foi pressionado por Edinho Silva a doar 10 milhões de reais. Acabou repassando somente 7,5 milhões porque foi preso antes de completar o montante pedido. Pessoa declarou ainda que foram feitos repasses milionários para as campanhas eleitorais de Mercadante ao governo paulista, em 2010. O dinheiro também teria sido repassado para a campanha do senador tucano Aloysio Nunes.
Alckmin avaliou ainda que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) tem todas as "qualificações" necessárias para assumir o poder, caso a presidente Dilma Rousseff saia do cargo. A declaração foi uma resposta a questionamento sobre a capacidade de o peemedebista unir e agregar forças para assumir o "novo bloco de poder" defendido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado neste final de semana. "Evidentemente que o vice-presidente Michel Temer tem todas as qualificações. Agora, entendo que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou é que há uma crise conjuntural, governista, petista, mas há também uma crise estrutural complexa, que demanda grandes reformas", afirmou o tucano. "A crise vai passar, mas, se o Brasil não fizer as reformas que precisa, vai ficar limitado no crescimento", acrescentou.
Para o governador de São Paulo, a crise econômica pela qual o Brasil passa é causada pelo governo. "Quando o governo não é a solução, é o início da crise", disse. "Não tem sistema de política econômica, de política cambial, que funcione com uma política fiscal errada. Então, é também o momento de grandes reformas, de repensar os Estados", acrescentou. O tucano afirmou que a República não aceita mais "a rapinagem, a mentira e que a desigualdade e o desemprego aumentem".
(Com Estadão Conteúdo)
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