Na CNI, presidente do Senado faz paralelo com negociação para reajuste da tabela do IR
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira (24), em evento na CNI (Confederação Nacional da Indústria), que o pacote de ajuste fiscal proposto pelo Executivo dificilmente será aprovado como foi enviado ao Parlamento, já que "é recusado pelo conjunto da sociedade e o Legislativo é a caixa de ressonância da sociedade".
Segundo Renan, o trâmite das MPs (medidas provisórias) que mudam regras trabalhistas e previdenciárias será semelhante ao que ocorreu com o reajuste na tabela do IR (Imposto de Renda): com negociação. O presidente do Congresso fez uma série de críticas à gestão federal.
— O fim da desoneração, como quer o governo, será um colapso no aumento da produtividade e do emprego no Brasil. O ajuste é necessário, mas não pode ser um fim em si mesmo.
Renan criticou ainda o que chamou de ajuste "meramente aumentando impostos e tomando poder de compra da população".
O presidente do Senado voltou a criticar as medidas econômicas do governo Dilma. Em sua fala, nem a base aliada, da qual o PMDB também faz parte, foi poupada.
— O momento é difícil, o momento é grave. Só os aliados divergem da magnitude desse diagnóstico.
A frase foi uma alusão aos parlamentares que saem em defesa da administração federal. Segundo ele, está na hora de diminuir o tamanho do Estado.
— Se nós aplaudimos o Mais Médicos, está na hora do 'menos ministérios'.
Renan criticou o excesso de cargos comissionados, indicações políticas e o "aparelhamento" do Estado.
— Nada mais justo, em tempo de sacrifícios para a sociedade, que o governo dê o exemplo.
Desde a semana passada, após os protestos contra o governo, lideranças do PMDB começaram a defender uma reforma administrativa. A estratégia é melhorar a imagem do partido e tentar se dissociar da disputa por cargos. Renan pediu humildade para que as dificuldades sejam reconhecidas.
— O problema é complexo e não será resolvido como resultado de uma única equação ou de uma visão simplista.
Renan recebeu hoje na CNI a Agenda Legislativa da Indústria, documento com sugestões do setor para permitir melhorias no ambiente de negócios. De acordo com o presidente do Senado, uma negociação foi iniciada para que a Casa e a Câmara definam uma pauta expressa que priorize as "urgências nacionais" na economia.
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