POR FERNANDO BRITO
Foi preciso aparecer a prova documental da farsa.
O cheque do PMDB, com o nome de Michel Temer.
Aí, claro, o “delator” mudou a versão.
O dinheiro da empreiteira Andrade Gutierrez, agora, não é mais de corrupção, é limpinho e é cheiroso.
Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira, diante do cheque, mudou de versão.
O que era antes dinheiro sujo, entregue ao PT e à campanha de Dilma Rousseff por conta de achaques, agora, é contribuição espontânea, legal, cívica, porque foi mostrado a quem se deu: Michel Elias Temer Lulia.
E a mudança não se deu sobre o que se disse ao acaso, ao acaso corrigido.
Não, foi dito num depoimento formal, diante de um ministro do Tribunal Superior Eleitoral e se referia a alguém que teve 54 milhões de votos e foi escolhida pelo povo brasileiro para dirigir o país.
Até agora, o mentiroso só teve benefícios. É delator premiado.
Se já se podia ter dúvidas sobre o que dizia antes, agora é possível ter certeza: este cidadão mente e diz o que lhe é conveniente porque é aquilo que alguém quer ouvir.
Quantos outros fazem o mesmo sem que se possa ter um pedaço de papel que lhes desmonte a vilania?
Em países onde a Justiça é tão utilizada como modelo por aqui, Azevedo teria saído preso do depoimento, por ter mentido ao Tribunal.
Aqui, sai para o carro alugado, com motorista, “bastante tranquilo”, segundo o Estadão, dizendo que vai “caminhar olhando para a frente”.
E, por certo, ainda processará, com boa chance de que algum juiz lhe dê razão, alguém que o chame de canalha.
Afinal, o que é mentir a um Tribunal, se a mentira é o que convém?
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