Por Altamiro
Borges
Em menos de
24 horas, dois ex-governadores do Rio de Janeiro – Anthony Garotinho e Sergio
Cabral – foram presos pela Polícia Federal sob a acusação de corrupção. A
situação do Estado, que já é caótica, tende a se agravar e pode descambar para
total perda de controle. O governo carioca, que baixou um pacote de medidas
genocidas para “ajustar suas contas”, está sitiado. Os protestos dos servidores
públicos, as maiores vítimas do “ajuste”, são cada vez mais radicalizados. A
mídia falsamente moralista, que adora a escandalização da política, faz a
festa. A TV Globo, que até agora não engoliu a derrota para sua “rival” na
prefeitura da capital, promove um autêntico show midiático.
As denúncias
contra os dois ex-governadores são graves, mas muita gente questiona os métodos
aplicados nas prisões. No caso de Anthony Garotinho, que foi detido na
quarta-feira (16), ele é acusado de ter chefiado um esquema de compra de votos
nas eleições de Campos dos Goytacazes (RJ), sua base eleitoral. A prefeitura da
cidade, sob comando da sua esposa, teria dobrado o número de beneficiários do
Cheque Cidadão, a partir de junho passado, com nítidos propósitos eleitoreiros.
Ainda segundo a Justiça Eleitoral do Estado, o ex-governador tentou coagir duas
testemunhas do caso e eliminou documentos públicos que ajudariam na apuração
dos supostos crimes.
Já no caso
de Sergio Cabral, preso na manhã desta quinta-feira, as denúncias são ainda
mais pesadas. O ex-governador é acusado de liderar uma quadrilha que desviou R$
224 milhões em contratos com várias empreiteiras – entre elas, a Andrade
Gutierrez e a Carioca Engenharia. A propina foi paga na concessão de obras
públicas como a reforma do Maracanã e a construção do Arco Metropolitano. A
ex-primeira-dama, Adriana Ancelmo, teve sua condução coercitiva decretada pela
Operação Lava-Jato e outras noves pessoas envolvidas no esquema já foram
presas. A mídia fez grande escarcéu com a prisão, mas evita lembrar que Sergio
Cabral é do mesmo partido do Judas Michel Temer, o PMDB.
Cadê a
prisão dos chefões do PSDB?
Diante de
tantas prisões e emoções, os internautas mais inquietos questionam: quando
chegará a vez dos tucanos? Afinal, vários chefões do PSDB já foram acusados de
corrupção, mas nunca foram molestados pelo Ministério Público, pela Polícia Federal
e pela mídia sem moral. O cambaleante Aécio Neves, por exemplo, já teve o seu
nome citado em várias delações premiadas. O ex-ministro Romero Jucá, que
confessou que o “golpe dos corruptos” teve como objetivo “estancar a sangria”
da Lava-Jato, chegou a afirmar que o presidente nacional do PSDB seria “o
primeiro a ser comido” com o prosseguimento das investigações. Até hoje, porém,
ele permanece intocado.
Já o
governador de São Paulo, o “picolé de chuchu” Geraldo Alckmin, segue totalmente
blindado, apesar dos incontáveis escândalos na sua eterna gestão – “trensalão
tucano”, falcatruas na Sabesp, máfia da merenda escolar. Nesta quinta-feira
(17), representantes das empreiteiras envolvidas no acidente nas obras da
linha-4 amarela do metrô confirmaram que houve pagamento de propina, inclusive
a um promotor de Justiça, para abafar a tragédia que resultou em sete mortes,
em janeiro de 2007. Em outro caso escabroso, até o abjeto site Antagonista, de
extrema-direita, postou nesta semana que há fortes suspeitas de que o
governador paulista recebeu R$ 2 milhões em propina da Odebrecht.
A
escandalização da política prossegue no Brasil – gerando descrença na sociedade
e estimulando os fascistas que pedem a volta da ditadura militar. Mas os
tucanos permanecem impávidos, com a sua retórica falsamente moralista. Será que
o tumultuado quadro político, com prisões e caos nas cidades, visa criar o
clima para o “golpe dentro do golpe”, possibilitando a volta dos tucanos – sem
votos – ao governo central? Como ironizam os internautas, parece que basta se
filiar ao PSDB para nunca ser processado, investigado, condenado e, muito
menos, preso! Ou o plano dos falsos “justiceiros” do Ministério Público, da
Polícia Federal e da mídia monopolista é ainda mais tenebroso? Numa terra arrasada,
nem os tucanos escapariam da extinção? O que você, leitor, acha?
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