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Amigos e familiares prestam homenagem às vítimas, no funeral realizado ontem em Gaziantep, cidade no sul da Turquia


Atentado em casamento terá sido vingança do Estado Islâmico contra os curdos por conflitos na guerra civil da Síria


A cerimónia caminhava para o fim. Alguns convidados já tinham saído. Outros estavam na rua a dançar. Foi nesse momento que se deu a explosão. O casamento transformou-se em funeral. Os números ainda não são certos, mas mais de 50 pessoas morreram e quase cem ficaram feridas na cidade de Gaziantep, na Turquia.

O presidente Recep Tayyip Erdogan garantiu na televisão que o ataque suicida foi levado a cabo por uma criança entre os 12 e os 14 anos e que as evidências apontam para que tenha sido ordenado pelo Estado Islâmico. Ainda ninguém reclamou o atentado.

A confirmar-se a autoria do Daesh (Estado Islâmico em árabe), este é o mais sangrento ataque da organização terrorista em território turco desde as explosões no aeroporto em Istambul, a 29 de junho, que causou 41 vítimas mortais.

Não se tratava de um casamento qualquer. A maior parte dos convidados eram membro ou apoiantes dos pró-curdos do HDP (Partido Democrático Popular). E, segundo o que Mahmut Togrul, deputado eleito pelo distrito de Gaziantep nas listas do HDP, revelou ao The Guardian, as famílias dos noivos - Besna e Nurettin Akdogan, que não figuram entre as vítimas - também são curdas.

Togrul - tal como muitos analistas - não tem dúvidas de que o atentado de sábado à noite surge como uma vingança do Estado Islâmico pelas derrotas que os curdos-sírios têm infligido ao Daesh, numa espécie de conflito paralelo dentro da guerra civil em território sírio.

Ao mesmo tempo, a Turquia, enquanto membro da NATO, é um parceiro da coligação internacional que tem vindo a combater o Estado Islâmico no Iraque e na Síria. Por outro lado, o governo turco apoia os rebeldes sírios que lutam contra o governo de Bashar al-Assad.

Nos últimos meses têm sido frequentes os atentados na Turquia. Uns perpetrados pelo Estado Islâmico e outros pelo Partido dos Trabalhares do Curdistão (PKK). Formada no final dos anos 70, a formação política lançou em 1984 uma luta armada contra o governo da Turquia, reclamando um Estado independente para os cerca de 15 milhões de curdos que habitam em território turco. Depois de uma fase de negociações, em março de 2013, foi declarado um frágil cessar-fogo que terminou em julho do ano passado. A partir de então regressaram os atentados protagonizados pelo PKK. Na última semana, três ataques contra esquadras e veículos militares provocaram dez mortos.

O atentado de sábado no casamento, alegadamente patrocinado pelo Estado Islâmico, surge pouco mais de um mês depois da tentativa de golpe de Estado que motivou uma violenta purga por parte de Erdogan. O presidente turco acredita que o cérebro por detrás do golpe terá sido o clérigo Fethullah Gülen. Para o chefe de Estado, os militantes do Daesh, o PKK e o teólogo exilado nos Estados Unidos são os três grandes inimigos da Turquia (ver coluna).

Erdogan e outros membros do AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento) por diversas vezes têm dito que não encontram diferenças entre os vários movimentos, classificando todos como "terroristas".

Metin Gurcan, um especialista turco em segurança, citado pelo The Guardian, entende que esta é uma estratégia errada do governo. "Ancara está a cometer um erro estratégico ao meter o PKK, o Estado Islâmico e Fethullah Gülen no mesmo saco. Ao dizer que estes grupos são meros instrumentos ao serviço de poderes estrangeiros para desestabilizar a Turquia está a subestimar o Daesh e não consegue desenhar estratégias específicas para lidar com cada uma das ameaças".


Já era conhecida a existência de células do Estado Islâmico em Gaziantep, cidade muito próxima da fronteira com a Síria e apenas a 100 quilómetros de Aleppo. "Há muito que é um perigo presente, mas infelizmente nunca conseguimos convencer o governo a tomar as medidas necessárias", lamenta Mahmut Togrul, do HDP.




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