Franco-atiradores fazem emboscada e disparam em batalhão que acompanhava uma manifestação contra a morte de dois negros nesta semana nos EUA. Três suspeitos são detidos.
Cinco policiais foram mortos e seis ficaram feridos em Dallas nesta sexta-feira (08/07) durante uma manifestação contra violência policial nos Estados Unidos. Segundo a polícia de Dallas, dois franco-atiradores dispararam contra o batalhão que acompanhava o protesto "a partir de uma posição elevada", escreveu o órgão no Twitter.
Um dos atiradores foi encontrado morto, após passar mais de uma hora entrincheirado num estacionamento. Não se sabe se ele foi alvejado pela polícia ou se se matou. Um dos policiais feridos morreu no hospital. "Tem sido uma noite devastadora. Estamos tristes por informar que um quinto policial morreu", disse a polícia na rede social.
Três pessoas foram detidas, uma mulher que se escondia num estacionamento e dois homens que tentavam fugir num carro interceptado pela polícia. Com eles, foi encontrada uma mala, que é analisada por um departamento antibombas.
It has been a devastating night. We are sad to report a fifth officer has died.— Dallas Police Depart (@DallasPD) 8 de julho de 2016
O chefe da polícia de Dallas, David Brown, disse que eles tiveram a intenção de "ferir ou matar o máximo número de policiais" e prepararam uma emboscada, atirando contra os agentes pelas costas.
Segundo Brown, os suspeitos não estão cooperando com as autoridades. A polícia ainda não sabe se há outros envolvidos.
Cerca de 100 agentes foram enviados ao centro de Dallas. A manifestação foi organizada contra a morte de dois negros por policiais brancos nesta semana nos EUA.
Vídeos geraram indignação
Dois vídeos que supostamente mostram a morte de homens negros por policiais nos EUA circularam na internet, gerando uma nova onda de protestos contra violência policial.
Um deles foi postado pela namorada de Philando Castile, de 32 anos, nesta quinta. O casal foi parado no trânsito pela polícia. "Ele estava tentando tirar a identidade e a carteira do bolso", conta Lavish Reynolds. "Ele informou o policial que tinha uma arma de fogo e que estava pegando a carteira, e o policial atirou no braço dele."
Segundo Reynolds, foram vários disparos. "Por favor, meu Deus, não me diga que ele está morto. Por favor, policial, não me diga que o senhor fez isso com ele", diz a mulher. O vídeo motivou manifestações nas ruas de Falcon Heights, no estado de Minnesota.
O incidente ocorreu horas depois de o Departamento de Justiça dos EUA anunciar a abertura de um inquérito para investigar dois policiais que teriam matado um negro em Baton Rouge, capital do estado de Louisiana, na noite de terça. Centenas de pessoas se reuniram na cidade para protestar.
Obama: "Todos devem se precupar"
Os EUA voltaram a viver jornadas de protesto em diversas cidades após as mortes dos dois afro-americanos em ações da polícia. Em Varsóvia, onde participa da cúpula da Otan, Obama disse que a violência policial contra negros deve preocupar todos os americanos.
"Quando ocorrem incidentes como estes, há pessoas que sentem que não devem tratá-los igual por causa da cor da pele. Esta não é uma questão branca, não é uma questão latina, é uma questão americana", declarou.
Segundo Obama, os dois episódios são "sintomáticos de um cenário maior de disparidades raciais que existem no sistema de justiça criminal". O presidente americano citou estatísticas que apontam para uma desproporção no número de detenções e condenações de negros em comparação com brancos no país.
Obama disse que é necessário dar um "sentido de urgência" para a questão da reformas da polícia nos EUA por considerar que, até o momento, "a mudança foi lenta demais".
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