Foto de soldados brasileiros defendendo sede da Petrobras de depredação, durante manifestação no Rio de Janeiro, ilustra matéria do Les Echos.Foto Les Echos
A crise no Brasil e nos demais grandes países emergentes é analisada nesta sexta-feira (8) pelo jornal francês Les Echos. Na avaliação do diário, a "corrupção endêmica" no México, na Rússia, China, Índia, África do Sul, além do Brasil, "representa o maior entrave ao desenvolvimento econômico".
Les Echos explica a seus leitores que o Brasil é afetado "por uma série inacreditável de escândalos de corrupção" que tiveram origem nas descobertas da Lava Jato na Petrobras. "É verdade que os emergentes são impactados por fatores externos, como a volatilidade dos mercados financeiros, o baixo crescimento na Europa, a queda dos preços do petróleo e das matérias-primas, além do aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, mas as dificuldades econômicas atuais são agravadas pelo elevado grau de corrupção em todas as esferas nesses países", observa o diário.
Les Echos cita um relatório do Banco Mundial que afirma que entre 10% e 30% dos créditos de grandes projetos de infraestrutura são "engolidos pela corrupção". Em cada sete contratos de obras, seja para a construção de aeroportos, portos ou outros projetos vitais de infraestrutura, pelo menos um deles provoca desvio de fundos", diz o texto. O pagamento de propina, a apropriação ilegal de recursos públicos, o roubo e o clientelismo foram calculados pelo Banco Mundial e geram perdas estimadas em US$ 3,1 trilhões, ou seja, 5,1% do PIB mundial.
"Políticos brasileiros são incapazes de fazer reformas"
O jornal aponta o Brasil como o exemplo perfeito dos males gerados pela corrupção. Depois de viver uma década de crescimento notável, o país mergulhou numa recessão violenta, a ponto de ser rebaixado pelas agências de classificação de risco financeiro para a categoria de "mau pagador".
Segundo Les Echos, a queda das exportações brasileiras de matérias-primas está longe de ser a única razão desse desastre. "A crise é provocada principalmente pela incapacidade dos políticos brasileiros de realizar reformas necessárias ao país, e a perda de confiança gerada pelos inacreditáveis e sucessivos escândalos de corrupção", escreve Les Echos.
As críticas do jornal não são endereçadas somente ao Brasil. A China, de acordo com Les Echos, é um outro exemplo de administração corrupta. O diário francês ressalta que embora o presidente chinês, Xi Jinping, tenha assumido pessoalmente o combate à corrupção no país, as falcatruas entre os dirigentes de empresas públicas e o Partido Comunista Chinês são práticas tão arraigadas que tem sido difícil mudar essa cultura.
Para Les Echos, a solução para diminuir a corrupção nos emergentes passa por maior atuação da sociedade civil nos negócios com dinheiro público.
Fonte:
Brasil
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