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por DN.pt com João Francisco Guerreiro, Bruxelas


Mais cortes, mais impostos. Austeridade na nova proposta pode chegar aos 12 mil milhões
Fotografia © EPA/JIM LO SCALZO


Uma equipa francesa está a ajudar o executivo grego a redigir a proposta, "medida a medida". Lagarde quer reestruturar dívida da Grécia mas exclui Portugal.

A proposta de pedido de resgate que deve ser entregue hoje aos credores pela Grécia poderá conter medidas deausteridade mais rígidas do que aquelas que foram rejeitas pelos gregos no referendo, de acordo com a imprensa grega.
As medidas de austeridade, entre cortes na despesa e subidas de impostos, incluídas na nova proposta poderão chegar aos 12 mil milhões de euros, enquanto a proposta anterior, rejeitada pelo povo grego em plebiscito, continha medidas de austeridade estimadas entre os 8 e os 9 mil milhões de euros, de acordo com a correspondente do jornal Guardian, que cita a imprensa local.

O novo pedido de resgate da Grécia é de 50 mil milhões de euros ao longo de três anos, em troca dos quais a Grécia faz vários compromissos, alguns dos quais revelados ontem, incluindo cortes imediatos nas pensões e subida do IVA. O ministro das Finanças grego Euclid Tsakalotos deverá encontrar-se hoje com o primeiro-ministro Alexis Tsipras e outros membros do executivo para ultimar a nova proposta.

Franceses ajudam a redigir proposta
Uma equipa de tecnocratas franceses está a ajudar o governo grego a redigir a proposta a ser entregue hoje aos credores. De acordo com fontes próximas do governo citadas pelo jornal Guardian, a equipa enviada pelo governo francês está a ajudar Euclid Tsakalotos a rever a nova proposta, "medida a medida".
"Estão a oferecer ajuda sem preço", disse ao Guardian uma fonte próxima do processo. "Está tudo a ser feito de novo, medida a medida".
O ministro da Energia grego disse esta quinta-feira, porém, que o governo não vai aceitar um terceiro memorando cujas medidas de austeridade sejam mais difíceis. "Sabemos que neste momento todas as opções são difíceis", disse Panayiotis Lafazanis, citado pelo jornal grego em inglêsKathimerini. "Mas a pior, a mais debilitante, humilhante e insuportável, é um acordo que assinale a rendição, a pilhagem e a subjugação do país e das pessoas. Essa é uma escolha que nunca faremos".

Credores devem apresentar propostas realistas
O presidente do Conselho Europeu e das cimeiras do euro, Donald Tusk, defendeu hoje que as propostas realistas de reformas que são reclamadas ao Governo grego devem ser correspondidas com propostas realistas dos credores sobre a sustentabilidade da dívida.
Em mensagens publicadas na sua conta da rede social twitter, Tusk aponta que acabou de falar com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e diz esperar receber hoje "propostas de reformas concretas e realistas", tal como previsto (o prazo limite para as propostas de Atenas chegarem a Bruxelas está fixado à meia-noite, 23:00 de Lisboa).
 O presidente do Conselho acrescenta então que essas propostas realistas do Governo grego "necessitam de ser correspondidas com propostas realistas por parte dos credores sobre a sustentabilidade da dívida, para criar uma situação em que todos fiquem a ganhar".
A dívida pública grega representa cerca de 180% do Produto Interno Bruto, ou seja, quase o dobro da riqueza produzida no país.

Lagarde quer reestruturar dívida grega mas não a portuguesa
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, admitiu ontem ser "necessária" uma reestruturação da dívida grega. Uma posição que contraria a opinião da maioria dos países da zona euro, mas que vai ao encontro do relatório do FMI divulgado na semana passada: o documento dizia que as finanças públicas da Grécia não serão sustentáveis sem uma redução substancial da dívida, admitindo ainda que Atenas vai precisar de 50 mil milhões de ajuda adicional ao longo de três anos.
"Sempre recomendámos que o programa fosse assente em duas vertentes: de um lado as reformas significativas e a consolidação fiscal, como aconselhámos nos casos de Portugal, Irlanda, Chipre e, fora da zona euro, na Letónia e na Islândia - e que funcionou. E do outro a reestruturação da dívida, que consideramos ser preciso no caso particular da Grécia. Esta análise mantém-se", disse Lagarde na Brookings Institution, um think-tank de Washington. Ou seja, a situação grega tem contornos especiais e o que se decida para o caso de Atenas - incluindo o perdão de parte da dívida - não será aplicado a outros países resgatados.
As declarações da diretora-geral do FMI surgem no dia em que o governo grego formalizou o terceiro pedido de resgate em Bruxelas. Atenas tem até à meia-noite de hoje para apresentar as novas medidas, para que estas possam ser estudadas pelos credores, depois de ter recebido o ultimato dos líderes europeus de que tudo tem de estar resolvido até domingo. Ainda assim, o ambiente esteve menos tenso nas últimas 24 horas, em Bruxelas. E o cenário de grexit foi abandonado.
Na carta ao Mecanismo Europeu de Estabilidade, o ministro das Finanças, Euclid Tsakalotos, diz que aceita avançar já com reformas "nos impostos" e "sistema de pensões", cedendo em áreas que dizia serem linhas vermelhas inultrapassáveis.
A troco de financiamento, Atenas dispõe-se ainda a "modernizar a economia", ao longo dos "três anos" de duração do resgate. Na segunda-feira, o El País falava em 50 mil milhões, para o montante associado ao resgate. Mas Bruxelas não confirma, uma vez que esse montante vai ser calculado nos próximos dias com base nas necessidades de financiamento que vierem a ser apuradas pela Comissão Europeia.
O pedido de assistência não fala em reestruturação da dívida, mas no "compromisso" da Grécia para "honrar as suas obrigações financeiras, de forma atempada".

Tsipras quarta-feira no Parlamento Europeu
A carta foi enviada numa altura em que o primeiro-ministro grego discursava no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Alexis Tsipras disse estar "determinado a não alimentar mais confronto com a Europa" e a mudar, no país, "a mentalidade que deitaria abaixo a Grécia e a zona euro". A confirmação do pedido de resgate foi anunciada no final da sessão pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que disse ser preciso aproveitar "a última chance" até domingo para encontrar uma solução. E espera que o pedido enviado no prazo seja "um bom sinal".
As palavras de Tusk soaram, no entanto, a novo ultimato, desta vez dirigido não só ao governo grego, mas a todos os implicados, dos Estados membros aos credores. O presidente do Conselho socorreu-se ainda de uma ideia muito presente nos discursos de Tsipras, para se referir às ações dos credores. "Se querem ajudar um amigo em dificuldades, não o humilhem."
Tusk defende que a solução para a crise da Grécia passa pelo "aprofundamento da União Económica e Monetária", deixando de parte o cenário de grexit. Falar em grexit numa altura em que "se está preparado para o pior, a trabalhar para o melhor", passou a ser quase indelicado junto dos porta-vozes da Comissão. "O cenário de saída já não está a ser considerado. Estamos a trabalhar num cenário diferente", garantiu a porta-voz, Mina Andreeva, quando lhe foi pedido que esclarecesse as palavras do presidente da Comissão, na véspera. Jean-Claude Juncker garantiu que Bruxelas tem "um plano detalhado" para enfrentar o cenário de saída da Grécia.
De volta a Atenas, Tsipras esteve ontem reunido com o presidente grego, Prokopis Pavlopoulos, antes de se encontrar com o líder do To Potami (centro), Stavros Theodorakis. Este revelou que, apesar das diferenças com Tsipras, o mais importante agora é um acordo nacional para ultrapassar os obstáculos colocados na Europa. Hoje estará em Bruxelas a tentar convencer alguns círculos conservadores céticos de que o futuro da Grécia é na Europa.

                              Fonte:
Diário de Notícias



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