Ex-ministro da Casa Civil é suspeito de ter recebido propina ocultada em pagamento por consultoria
Ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
A Polícia Federal (PF) pediu o rastreamento de todas as viagens feitas ao exterior pelo ex-ministro da Casa Civil e mensaleiro condenado José Dirceu. Ele é investigado nos processos da Operação Lava Jato por consultorias prestadas e recebimentos milionários de empreiteiras que participaram do megaesquema de fraudes em contratos com a Petrobras.
Os investigadores suspeitam que Dirceu usou sua empresa, JD Assessoria e Consultoria, para ocultar propina em forma de consultoria. Da Engevix, uma das empreiteiras do cartel, ele recebeu 2,6 milhões de reais entre 2008 e 2012. Parte desse dinheiro foi pago via empresa do lobista Milton Pascowitch - a Jamp Engenheiros Associados. Pascowitch foi preso em maio pela Lava Jato.
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Em um inquérito, o ex-ministro é investigado por suposta lavagem de dinheiro na compra de um imóvel de 1,6 milhão de reais, em 2012, em São Paulo, onde funcionava a JD Assessoria. Os trabalhos de Dirceu também são investigados no caso da Camargo Corrêa, empreiteira que tem dois executivos delatores do processo.
Em março, a defesa do ex-ministro entregou à PF cópia de seu passaporte para provar que ele fez 108 viagens a 28 países. Os destinos mais frequentes foram Venezuela e Portugal, com dezesseis viagens para cada. Na sequência estão EUA (catorze vezes) e o Panamá (oito vezes).
A maior parte dos deslocamentos ocorreu quando Dirceu já havia deixado a Casa Civil do governo Lula. O passaporte foi entregue pelos advogados do ex-ministro para comprovar que os serviços contratados pelas empreiteiras do cartel, como Galvão Engenharia, OAS e UTC Engenharia, "foram prestados regularmente pela empresa JD Assessoria e Consultoria, principalmente em relação àqueles prestados no âmbito internacional."
Em nove anos de atuação, segundo a defesa, a JD Assessoria prestou serviços a mais de cinquenta empresas no universo de quase vinte setores da economia, como comércio exterior, comunicação, telecomunicações, logística, tecnologia, construção civil, além de vários ramos da indústria, como a de bebidas, de bens de consumo, farmacêutico e insumos elétricos.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Dirceu informou que o número de viagens internacionais que fez é de aproximadamente 120. Os passaportes registram 108 deslocamentos para o exterior - isso porque entradas e saídas de Cuba não são anotadas em passaporte.
A assessoria assinala que as viagens foram realizadas também para atender aos contratos com a Engevix e Camargo Corrêa. O ex-ministro, sempre por sua assessoria, rebate taxativamente a informação de que seria acusado de corrupção na Petrobras. "Formalmente, não há acusação feita contra o ex-ministro."
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(Com Estadão Conteúdo)
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