Diante da incapacidade do governo, Exército pediu ajuda internacional; Pretória pediu que a Cedea avalie uma ação dos Estados africanos
Considerado por alguns analistas como sendo mais violento que o (EI) Estado Islâmico, o grupo extremista Boko Haram, que atua na Nigéria, tem recrutado inclusive crianças para perpetrar ações terroristas contra a população do país. Somente no domingo (11/01), duas meninas-bombas, de dez e 19 anos, explodiram, matando sete pessoas em um mercado popular. No sábado (10/01), uma garota-bomba, também com 10 anos, matou 20. No decorrer do ano de 2015, as ações do grupo já mataram mais de 3.000 pessoas, de acordo com o governo nigeriano.
O governo não tem conseguido atuar efetivamente contra o grupo, que já assumiu o controle de cerca de 52 mil quilômetros quadrados no norte da Nigéria, uma área equivalente à Costa Rica. Estão sob o controle dos jihadistas 11 províncias, onde vivem 1,7 milhão de pessoas.
Hastag "We are all Baga" (Somos todos Baga repercutiu no Twitter:
— Bob Fabiani (@BobFabiani) 11 janeiro 2015
O Boko Haram ganhou destaque internacional ao sequestrar mais de 200 garotas em uma escola em Chibok, em 14 de abril de 2014. As que não conseguiram fugir seguem nas mãos do grupo.
Ajuda internacional
Diante da contínua expansão e do aumento da violência empregada pelos combatentes, o Exército nigeriano pediu, no domingo, ajuda internacional.
Em face do ataque ocorrido na cidade de Baga na última quarta-feira, e que resultou na morte de mais de duas mil pessoas, o porta-voz do Exército, Chris Olukolade, pediu que “todo o mundo colabore contra o mal do Boko Haram, em vez de criticar aqueles que trabalham para derrotá-lo", disse, rebatendo críticas às ações das Forças Armadas.
Em meio à ofensiva dos jihadistas na última semana, as forças de segurança, destacadas de uma base militar próxima, fugiram após um ataque ocorrido dias antes.
Internautas também questionaram silêncio da mídia sobre ataques realizados pelo Boko Haram:
Why did the world ignore Boko Haram's Baga attacks? http://t.co/HkfDgvrbn2 #terrorism#Nigeria #WeAreAllBaga
— Dea Martinjonis (@DeaDixit) 12 janeiro 2015
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Neste cenário, Goodluck Jonathan prestou condolências às vítimas do atentado na França contra a revista satírica Charlie Habdo, mas não se pronunciou sobre os mortos em seu próprio país e, enquanto os nigerianos se comoviam ao saber do extermínio, ele celebrou o casamento da filha. No mês que vem, tentará a reeleição como presidente do país.
President Jonathan gives away Ine's hand in marriage http://t.co/tntLhSXmO6 pic.twitter.com/JMbFJiH5zo
— BellaNaija.com (@bellanaija) 11 janeiro 2015
O governo da África do Sul, por sua vez, pediu, ontem, que a Cedea (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) avaliasse a capacidade de fazer frente às ações do grupo. O porta-voz da chancelaria sul-africana, Clayson Monyela, disse que Pretória prefere que o organismo decida se são necessárias intervenções de outros Estados africanos para fazer frente à crise criada pelo Boko Haram.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, também se pronunciou sobre a situação e prometeu ajudar a Nigéria e os países vizinhos a conter a violência. O assunto está entre as prioridades da agenda da organização, afirmou, em um comunicado. Ele também condenou o ataque a centenas de pessoas realizado na última semana e classificou como “depravado” o fato de o grupo utilizar crianças em atentados terroristas.
Agência Efe
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Sequestro de crianças feito pelo Boko Haram gerou comoção na Nigéria
“Estas imagens do norte da Nigéria devem estar queimando a consciência do mundo”, afirmou por sua vez o Diretor Executivo da Unicef, Anthony Lake. Ele lamentou a morte de mulheres e crianças e destacou, especificamente, o fato de crianças estarem sendo utilizadas em ataques.
Outra faceta da crise nigeriana é marcada pelos refugiados, que deixam o país fugindo da violência. De acordo com o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), mais de sete mil pessoas entraram no Chade nos últimos dias.
As ações do grupo já duram cinco anos e mataram mais de 10 mil pessoas apenas em 2014.
Fonte
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