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As greves no transporte reativaram o noticiário negativo sobre o país-sede no exterior. Mas os clichês sobre os perigos de visitar o Brasil vão se confirmar?

Giancarlo Lepiani
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Tropa de choque na estação Ana Rosa do metrô, em 09/06/2014
Tropa de choque na estação Ana Rosa do metrô, em 09/06/2014 - Reuters
Para tentar atrair mais turistas, a Embratur bancou uma excursão luxuosa dos repórteres pelos melhores hotéis e restaurantes de algumas das capitais envolvidas no evento. Na saída de um restaurante no Rio, o grupo foi assaltado na rua
Vai viajar ao Brasil para acompanhar de perto a Copa do Mundo? Então deixe todos os seus pertences valiosos em casa, não saia do hotel quando escurecer, tome vacinas contra doenças exóticas e prepare-se para gastar boa parte do dia encurralado no trânsito, torcendo para não ser alvo de um bando de mascarados truculentos no caminho – afinal, se você tentar usar o celular para chamar a polícia, o aparelho provavelmente não vai encontrar um sinal de rede. Nos últimos meses, foi assim que o país-sede do maior evento esportivo do planeta foi descrito no exterior, através de extensas reportagens enumerando todos os problemas que os visitantes poderão encontrar pela frente. A partir desta semana, com a chegada de dezenas de milhares de estrangeiros, sejam eles torcedores de outras seleções ou profissionais envolvidos no Mundial, todos esses clichês negativos serão colocados à prova – e o país terá, enfim, uma chance de exibir sua realidade a quem vem de fora, talvez não tão calamitosa quanto fazem parecer as notícias mais alarmadas, mas certamente cheia de dificuldades (e, sem nenhuma sombra de dúvida, não tão rósea quanto quis fazer parecer o governo antes do início do torneio).
Na semana da abertura da Copa, a greve no metrô de São Paulo, que receberá a partida inaugural, na quinta, e a ameaça de paralisação do mesmo serviço no Rio de Janeiro, o palco da decisão, reativaram o noticiário negativo em torno do país-sede. Desde a Copa das Confederações, ocorrida simultaneamente à maior onda de protestos de rua já vista no país, o foco dos jornais, revistas, TVs, rádios e sites estrangeiros tinha se voltado quase que totalmente aos problemas dos anfitriões do evento. Nas últimas semanas, a expectativa de uma Copa extraordinária dentro de campo, com muitas seleções fortes e muitos craques de alto nível, havia começado a concentrar as atenções. A poucos dias da estreia, contudo, os temores dos estrangeiros que não conhecem o país se renovaram. Na segunda-feira, a manchete do site do jornal mais famoso do planeta destacava justamente as dificuldades enfrentadas pelo Brasil antes da abertura – o New York Times lembrava tanto das falhas na organização e dos problemas estruturais das cidades-sede como da boa acolhida aos visitantes em outros grandes eventos no passado. No mês passado, a revista alemã Der Spiegel publicou uma reportagem de capa com o título "Morte e jogos", enumerando problemas como os protestos violentos, os atrasos nas obras e a reprovação popular à festa. E essas foram só duas das publicações de prestígio que trataram das dificuldades do país-sede.
Até agora, já chegaram ao país as seleções participantes e um contingente razoável de turistas, dirigentes, jornalistas, funcionários dos patrocinadores do evento e outros envolvidos na realização da Copa. Acredita-se que o número de estrangeiros no país para o evento deverá disparar a partir desta terça, quando começa o Congresso da Fifa, no Hotel Transamérica, em São Paulo. Por enquanto, não houve problemas significativos: os integrantes das seleções classificadas têm usado as redes sociais para mostrar momentos de descontração no país da Copa e não surgiram críticas em público à estrutura encontrada por aqui. Eventualmente, no entanto, as dificuldades aparecerão – e o governo, que apostou alto no evento, projetando a Copa como uma grande propaganda pré-eleição, torce para que as coisas não saiam dos trilhos. No caso da greve de São Paulo, tão noticiada no exterior às vésperas da abertura, a situação é inusitada. A paralisação no dia de Brasil x Croácia, ainda indefinida, pode manchar a imagem da abertura e fazer com que o evento já comece num tom negativo – e esse movimento é apoiado pela CUT, central sindical com fortes laços com o PT e integrantes do governo, que se divide entre fazer barulho num Estado que governado por um opositor, Geraldo Alckmin, e poupar o governo federal desse desgaste. Se ficarem com a primeira opção, é bom que os grevistas lembrem que, de acordo com as pesquisas de opinião, os principais questionamentos sobre a Copa são direcionados ao Planalto.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff recebeu Joseph Blatter, chefão da Fifa, e posou para fotos com a taça, diante de um enorme painel com o slogan "Copa das Copas", adotado pelos marqueteiros do governo para tentar promover os avanços proporcionados pela realização do evento. Dias depois, porém, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo – que passou os últimos anos rebatendo com veemência qualquer crítica ao país-sede –, mudou um pouco de tom. Em entrevista coletiva concedida ao lado do próprio Blatter, ele evitou prometer uma Copa irretocável e um Brasil imune a todos os problemas. Os discursos ufanistas do ministro deram lugar a uma postura mais cautelosa (e, diga-se, realista): "Nós sabemos das nossas dificuldades", afirmou. "Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para propiciar aos visitantes segurança e tranquilidade. Que eles levem daqui a lembrança de um país que luta para corrigir suas deficiências." Talvez o caso que ilustre melhor a situação do país diante dos visitantes da Copa seja o de um grupo de jornalistas estrangeiros convidados pelo governo para conhecer as cidades-sede. Para tentar atrair mais turistas, a Embratur bancou uma excursão luxuosa dos repórteres pelos melhores hotéis e restaurantes de algumas das capitais envolvidas no evento. Na saída de um restaurante no Rio, o grupo foi assaltado na rua. O episódio, é claro, foi registrado nas reportagens publicadas pelos correspondentes em seus países – junto de relatos bastante precisos sobre os riscos e os atrativos brasileiros, os incômodos e os prazeres experimentados na jornada. Assim como ocorreu no Mundial como um todo, o governo gastou muito dinheiro e espera se beneficiar do evento, mas os visitantes vão tirar suas próprias conclusões sobre o país da Copa – provavelmente não tão ruins quanto previam as reportagens mais alarmistas, mas também não tão idílicas quanto pretendia o Planalto.

A cadeia de erros do Brasil na Copa

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Estádios demais

Como poderia ter sido: A Fifa ficaria satisfeita com apenas oito estádios, o suficiente para o evento
O que o país fez: Para aumentar o número de cidades envolvidas – e atender aos pedidos do maior número possível de governadores e prefeitos –, ampliou o número para doze arenas
Qual foi a consequência: Além de encarecer todo o evento, criou dois problemas. Sem investidores privados para bancar estádios em capitais sem clubes de grande torcida, usou-se dinheiro público. Além disso, algumas das arenas poderão virar elefantes brancos depois do Mundial

O que ficou só na promessa para o Mundial

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Estádios privados

O Estádio Nacional de Brasília: o custo se aproxima dos 2 bilhões de reais em verba pública
O ministro do Esporte do governo Lula prometia uma Copa totalmente privada, sem uso de dinheiro público nas arenas. Entre as doze sedes do Mundial, porém, só três (São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) são empreendimentos particulares - e mesmo essas obras dependem de financiamento de bancos estatais e generosos incentivos públicos.





























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