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Tropas de elite na Esplanada dos Ministérios em BrasíliaREUTERS/Ueslei Marcelino
O envio do exército às ruas de Brasília para conter as manifestações contra o governo Michel Temer e os violentos confrontos com a polícia ganharam destaque nos principais sites e jornais europeus nesta quinta-feira (25).
"Brasil: as ruas querem a saída do presidente" é o título da matéria sobre os protestos, publicada no site do jornal francês Le Figaro. De acordo com o texto, os pedidos para que Temer renuncie ganharam força há uma semana, depois da revelação de uma conversa gravada entre Temer e um dos donos da empresa JBS, Joesley Batista. Nos áudios que estão sendo analisados pela Justiça, o presidente parece concordar com o pagamento de propina para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso por corrupção.
"Os brasileiros não suportam mais os escândalos de corrupção, principalmente os que envolvem a gigante Petrobras", escreve Le Figaro. O diário francês também lembra que a jornada de mobilização visava marcar a rejeição às austeras reformas aprovadas pelo governo Temer.
O site do jornal espanhol El País destaca que os protestos contra Temer paralisaram até os debates dentro da Câmara dos Deputados. Segundo o diário, com a revolta, o executivo foi obrigado a convocar o exército para controlar os manifestantes, uma decisão que suscitou fortes críticas da oposição e do próprio governo. "A tensão devido à crise política no Brasil balançou o coração político do país, convertido em campo de batalha", publica o site do El País.
O jornal espanhol descreve um cenário de guerra em Brasília, com colunas de fumaça preta, violentos confrontos entre manifestantes e polícia, armada com fuzis. El País qualifica de “assustadoras” as imagens postadas nas redes sociais de policiais atirando contra os militantes anti-Temer. A situação se tornou incontrolável, avalia o diário espanhol.
Temer se agarra ao poder, diz The Guardian
Apesar de todo o caos, diz o jornal britânico The Guardian, o presidente brasileiro se agarra ao poder e descarta a possibilidade de renúncia, alegando que vai lutar contra as acusações. O diário lembra que antes do vazamento das gravações de Joesley, a popularidade de Temer estava em baixa, em parte devido às reformas que fez passar à força no Congresso. "Se Temer renunciar, a Constituição diz que o Congresso deve eleger o próximo presidente, que deveria governar até o final de 2018. Mas muitos brasileiros, revoltados com a classe política, querem a realização de eleições antecipadas", publica The Guardian.
Preparando-se a um possível cenário de renúncia de Temer, os partidos que apoiam o presidente começam a se articular e, segundo o jornal português Público, já teriam até mesmo escolhido candidatos à presidente e à vice-presidente. "O PMDB e o PSDB conduzem negociações nos bastidores", destaca. Citando a imprensa brasileira, Público indica que o favorito a ocupar o posto de chefe de Estado seria Nelson Jobim, do PMDB, e seu vice seria Tasso Jereissati, do PSDB.
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