
Fonte:
Para Assad, ataque químico é história 'fabricada'
pelo Ocidente

AFP/Arquivos / JOSEPH EID Presidente sírio, Bashar al-Assad, em entrevista com a AFP em Damasco, em 12 de abril de 2017
O presidente
sírio, Bashar al-Assad, acusou os países ocidentais de forjar o suposto ataque
químico na cidade rebelde de Khan Sheikhun para preparar, segundo ele, o
terreno para os ataques americanos que se seguiram contra o seu exército.
Assad, no
poder há 17 anos e considerado um pária pelos ocidentais, assegurou que o seu
regime não possui armas químicas desde a destruição de seu arsenal em 2013.
Esta
entrevista exclusiva concedida na quarta-feira à AFP em seu escritório no
centro de Damasco é sua primeira após o suposto ataque químico de 4 de abril e
os ataques americanos de três dias depois, os primeiros contra o regime de
Assad desde o início do conflito, há seis anos.
"Para
nós, trata-se de um evento 100% fabricado", declarou o chefe de Estado
sírio, que apareceu sorridente e descontraído.
"Nossa
impressão é que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, é cúmplice dos
terroristas e que armou essas história para servir de pretexto para o
ataque" americano de 7 de abril contra uma base aérea no centro do país,
acrescentou.
'Nenhuma
ordem dada'
O suposto
ataque químico na cidade de Khan Sheikhun, cujas imagens de pessoas atingidas
chocaram o mundo, causou em 4 de abril a morte de 87 civis, incluindo 31
crianças, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os
ocidentais culparam o regime de Assad pelo evento e, em retaliação, os Estados
Unidos realizaram seus primeiros ataques contra uma base militar ao sul de
Homs.
AFP/Arquivos / JOSEPH EID

"Não
sabemos se todas as fotos ou imagens de vídeo são verdadeiras ou manipuladas
(...) Não sabemos se essas crianças foram mortas em Khan Sheikhun, não sabemos
nem mesmo se elas realmente morreram", afirmou.
"E se
houve um ataque, quem o lançou?", questionou o presidente sírio.
Assad negou
qualquer envolvimento: "nenhuma ordem foi dada para lançar um ataque e,
além disso, nem possuímos armas químicas".
"Há
vários anos, em 2013, renunciamos a todo o nosso arsenal (...) E, mesmo que
possuíssemos tais armas, nunca usaríamos", ressaltou ele.
Após 2013, a
Organização para a Proibição de Armas Químicas alertou em duas ocasiões o
regime sírio sobre ataques contra áreas rebeldes.
- Poder
aéreo não foi 'afetado' -
O presidente
sírio afirmou que deseja uma investigação sobre o que aconteceu em Khan
Sheikhun, mas desde que seja "imparcial".
"Vamos
trabalhar (com os russos) para uma investigação internacional. Mas deve ser
imparcial. Só iremos permitir uma investigação se, e somente se, for imparcial
e com a participação de países imparciais para ter a certeza de que não será
utilizada para fins políticos", disse ele.
Assad
afirmou que a Rússia, sua aliada na guerra, "não teve tempo de
advertir" seu regime sobre o ataque americano que se seguiu.
Comentando
os ataques americanos contra a base aérea de Al-Shaayrate, ele minimizou o
impacto.
"Nosso
poder de fogo, nossa capacidade de atacar os terroristas, não foi afetado por
este ataque", garantiu Assad à AFP.
Perguntado
se havia perdido um potencial parceiro na pessoa do presidente americano Donald
Trump, Assad disse: "sempre fui muito cuidadoso em expressar minha opinião
a seu respeito (...) sempre disse 'vamos ver o que ele vai fazer'".
"Este
ataque é a primeira evidência de que (...) o regime nos Estados Unidos (não
muda)", afirmou o presidente sírio, cujas relações com Washington sempre
foram caóticas. Para Assad, Trump tomou partido da rebelião.
"Você
não pode falar de parceria entre nós, que lutamos contra o terrorismo (...) e
aqueles que o apoiam abertamente", criticou, considerando que "os
Estados Unidos não são sérios (na busca) de qualquer solução política"
para o conflito na Síria.
"Eles
querem usar o processo político como um guarda-chuva para os terroristas",
disse ele.
Ir para a pagina inicial
0 Comentários