As manifestações também denunciam o Projeto de Lei 4567/16, que tira a exclusividade da exploração do Pré-Sal da Petrobras
Por Redação – de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro
As manifestações contra o golpe de Estado, em curso no país, voltarão a mobilizar trabalhadores e estudantes. Os protestos estendem-se à Proposta de Emenda à Constituição 55 (que tramitou na Câmara como PEC 241). As marchas populares ocorreram em ao menos 15 Estados e também no Distrito Federal, na última sexta-feira.
Foram registrados protestos no Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás e Minas
Gerais. Também ocorreram no Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte. Cidades em Santa Catarina e São Paulo, além do Distrito Federal, também se somaram às manifestações.
Soberania nacional
Os manifestantes também denunciam o Projeto de Lei 4567/16, que tira a exclusividade da exploração do Pré-Sal da Petrobras. A matéria segue, agora, à sanção presidencial. Em diversos Estados do país os petroleiros reforçaram o Dia Nacional de Paralisações e Greves, que mobilizou mais de uma dezena de trabalhadores no território nacional na sexta-feira.
— As lutas dos petroleiros sempre se entrelaçaram com a defesa da soberania nacional. E não será um governo ilegítimo que nos intimidará. As paralisações desta sexta-feira, acompanhando a agenda nacional, são mais uma demonstração disso — afirmou Divanilton Pereira. Ele é dirigente da CTB, petroleiro e secretário da pasta de relações internacionais da central.
Na próxima quinta-feira, haverá a retomada das negociações com a Petrobras sobre o Termo Aditivo do Acordo Coletivo de Trabalho. A última proposta da empresa foi rejeitada por 95% dos trabalhadores reunidos em assembleias pelo Brasil.
De norte a sul
No Rio Grande do Norte, houve paralisação de 24 horas na unidade operacional do Polo de Guamaré, da refinaria Clara Camarão, e também na unidade terrestre do Alto do Rodrigues. Na liderança do movimento, o Sindicato dos Petroleiros do RN, filiado à CTB e presidido por José Araújo.
No Amazonas, o ato ocorreu em frente à Refinaria de Manaus, e reuniu cerca de 400 pessoas. Houve atraso de duas horas na entrada para o turno da manhã. No Paraná, houve um atraso e paralisação das 6h às 8h30 da manhã, na REPAR e na FAFEN-PR. A manifestação foi do conjunto Sindipetro PR/SC, Sindiquímica PR, e Sindmont.
No norte fluminense, petroleiros, estudantes e trabalhadores rurais sem terra realizaram protesto na rodovia Amaral Peixoto, em Macaé, próximo à base do Parque de Tubos, da Petrobrás. A estrada foi interditada nos dois sentidos por volta das 6h. Os militantes incendiaram pneus, ergueram faixas e fazem discursos sobre as pautas do movimento, contra o corte de direitos, o desmonte da Petrobrás e a entrega do Pré Sal.
Dia de manifestações
Na Bahia, a mobilização começou cedo nas rodovias, com paralisações e protestos na BR 324 (6 pontos), BR 101 (7 pontos), BR 242 (3 pontos), BR 030 (2 pontos), BA 093 Industrial (9 pontos), BA 001 (1 ponto), BA 142 (5 pontos) e BA 407 (3 pontos). Em Salvador, os trabalhadores e representantes de movimentos sociais se concentraram, às 7h, em frente ao shopping da Bahia, no Iguatemi, onde também se manifestaram.
Nos sindicatos unificados de São Paulo, ocorreu atraso na Replan, reunindo cerca de 700 trabalhadores, próprios e terceirizados. Na Recap, localizada em Mauá, também houve atraso de três horas. No terminal São Caetano do Sul, a adesão foi de mais de 90% dos funcionários e terceirizados, em luta por uma proposta digna de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), e pela preservação da empresa.
Os demais sindicatos filiados à FUP, Sindipetro Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará/Piauí, Rio Grande do Sul e Pernambuco/Paraíba também participaram da sexta-feira de luta, com expressivas manifestações. Toda a categoria em defesa da Petrobrás, no combate ao golpe de Estado, ao congelamento de investimentos sociais, dentre outras bandeiras.
Vias interditadas
Em São Paulo, as rodovias Anchieta, Anhanguera, Dutra, Régis Bittencourt e dos Bandeirantes foram bloqueadas no início da manhã. Também foram interditadas a Ponte João Dias, na zona sul da capital paulista, e a Estrada de Itapecerica.
Em Guarulhos, na Grande São Paulo, as empresas de ônibus paralisaram suas operações. Assim como os motoristas de ônibus da região de Sorocaba. Os motoristas também aderiram à paralisação em Salvador, na Bahia. Os bancários baianos também fizeram parte da mobilização, assim com professores municipais e estaduais. Manifestantes também fecharam o acesso ao polo de Camaçari, na região metropolitana de Salvador. No Rio Grande do Sul, professores das redes pública e privada também pretendiam integrar as mobilizações.
Em Minas Gerais, entidades estudantis, sindicatos e servidores realizaram ato em Belo Horizonte, se concentrando na Praça Sete. No Pará, o ato teve a participação de alunos e professores das redes públicas e de universidades, sindicato de bancários, associações quilombolas, MST, grupos negros, LGBT e feministas. A manifestação foi até o Tribunal de Justiça do Estado.
Bombas de gás
A PEC 55 estabelece um teto no orçamento da União para os gastos públicos, atrelado ao aumento da inflação do ano anterior, durante 20 anos.
— Estamos organizando essa greve geral em razão do retrocesso que está sendo imposto pelo governo federal, representado pela PEC 55, que congela os investimentos em educação, saúde e áreas sociais. Essa e várias outras questões que estão sendo conduzidas pelo governo que são um retrocesso para a classe trabalhadora — afirmou Rodrigo Rodrigues, secretário-geral da CUT do Distrito Federal.
No Centro do Rio, milhares de manifestantes marcharam contra as proposta do governo Temer. A passeata saiu da Igreja da Candelária, seguiu pela Avenida Rio Branco e tomou o rumo da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ao fim do ato, o disparo de um rojão provocou uma reação violenta da PM, que tentou perseguir os manifestantes. Lançaram bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral. A resposta foi mais rojões e pedras contra os policiais.
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