Andreza Rossini e Fernando Garcel
Em depoimento na ação penal que tem como réu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito da operação Lava Jato, o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, afirmou nesta quinta-feira (24) que não conhecia e não teve contato com o ex-presidente quando assumiu o cargo na Petrobrás, em 2003.
“Não houve negociação com o Lula. Eu soube que quem fazia essas indicações na época era o ministro Zé Dirceu. Não conheci o presidente Lula nessa época e não sei de nenhuma interferência dele neste caso”, afirmou.
O ex-diretor também afirmou que quando assumiu o cargo, não firmou nenhum acordo para pagamento de propina ou arrecadação para fundos partidários. ” Anteriormente a minha nomeção eu não fiz nenhum tipo de acordo preliminar de qualquer tipo de compromisso nesse sentido. Depois da minha nomeação aconteceu, como já descrevi em outros depoimentos”, afirmou.
Em depoimento no dia 8 de novembro Cerveró afirmou que Lula o teria indicado ao cargo de diretor financeiro na estatal, em 2008, como agradecimento pela atuação do ex-diretor pelo perdão de uma dívida de R$ 12 milhões do PT, junto ao banco Schahin, com recursos de um contrato da estatal.
“Não foi um reconhecimento oficial, mas foi um motivo de reconhecimento que levou o presidente Lula a me indicar para a BR Distribuidora. Isso me foi dito pelo pessoal da Schahin”, afirmou em depoimento. “A informação que me foi dada é que isso seria um reconhecimento do trabalho que eu havia feito na liquidação da dívida do PT em 2006. Eu tinha conseguido através da contratação da Schahin Óleo e Gás, operadora de uma das sondas que nós contratamos”, acrescentou Cerveró.
Veja os depoimentos de Nestor Cerveró na íntegra
No depoimento desta quinta-feira, Cerveró voltou a afirmar que o ex-senador Delcídio do Amaral, que também responde a um processo no âmbito da Lava Jato, recebeu propinas em relação as Alstom e GE. Ele lembrou do caso envolvendo a gravação em que Delcídio aparece pedindo para que não fosse citado no depoimento de delação premiada do ex-diretor.
Sobre o triplex no Condominio Solaris, apontado pelo MPF como do ex-presidente Lula, Cerveró foi incisivo em dizer que não conhece o local. “Eu não conheço nem o Guarujá. A informação que eu tenho é a da mídia”, disse.
Sobre o período em que Cerveró deixou a diretoria da área internacional para ocupar cargo na BR Distribuidora, Moro questionou sobre os motivos que o fizeram deixar o a posição já que ele poderia ter permanecido caso atendesse interesses financeiros de grupos políticos ligados à Câmara. Segundo Cerveró, a forma que o acordo foi colocado, com pagamentos mensais, seria uma “loucura”. “Uma coisa é uma contribuição que pode surgir de determinado negócio outra é a maneira como o acordo foi colocado, com pagamentos mensais como uma mesada, isso é uma loucura. Isso não é uma possibilidade e eu disse que não poderia atender este tipo de compromisso”, declarou.
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