Controverso autor Nahed Hattar é alvejado em frente a tribunal. Ele seria julgado por "provocar conflito sectário" em razão de caricatura que criticava religiosidade distorcida do "Estado Islâmico".
O escritor jordaniano
Nahed Hattar, que se tornou centro de controvérsias após publicar uma
caricatura considerada blasfema pelo islã, foi assassinado neste domingo
(25/09) em Amã, em frente ao tribunal onde seria julgado.
Ao chegar ao Palácio
da Justiça, onde responderia pela acusação de "provocar o conflito
sectário e insultar os sentimentos e crenças religiosas", Hattar foi
alvejado com três tiros.
A imprensa jordaniana
identificou o autor dos disparos como Riad Abdullah, um imã de uma mesquita
local, com idade acima dos 40 anos. Sua motivação teria sido o ódio ao autor em
razão do cartum polêmico.
A caricatura,
publicada na página de Hattar no Facebook, retratava um muçulmano no paraíso,
deitado com duas mulheres, pedindo que Alá lhe servisse vinho e castanhas.
O escritor de 55 anos
chegou a ser preso em agosto passado, sendo libertado mais tarde após pagamento
de fiança. Seus familiares dizem que a caricatura queria ilustrar o que Hattar
classificava de visão religiosa distorcida do grupo extremista "Estado
Islâmico" (EI).
Figura controversa
O governo da Jordânia
condenou o crime. Um porta-voz de Amã informou que o assassino está sob
custódia e será "duramente castigado". "Confiamos plenamente que
nossa Justiça e nossos aparatos de segurança aplicarão um justo castigo ao
criminoso que cometeu esse crime horrível", disse.
A Frente de Ação
Islâmica, braço político do grupo Irmandade Muçulmana, criticou aqueles que
decidem fazer justiça com as próprias mãos e pediu que o assassinato não acirre
as tensões entre muçulmanos e cristãos.
Hattar era uma figura
controversa na Jordânia. Há alguns anos ele alegou ter sido preso e torturado
várias vezes pelo regime do antigo rei Hussein, em razão dos textos críticos
que escrevia. Cristão de nascimento, ele se dizia ateu. Era um forte defensor
do presidente sírio, Bashar al-Assad, e crítico do "Estado Islâmico"
e da Al Qaeda.
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