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Do UOL, em São Paulo





O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça (20) que a denúncia contra ele por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, feita pelo MPF (Ministério Público Federal) e aceita pelo juiz Sérgio Moro, é "uma grande mentira". Com isso,Lula virou réu na Operação Lava Jato. Ele já é réu em uma ação na Justiça do Distrito Federal.
"Fiquei sabendo agora que o juiz Moro aceitou a denúncia contra mim, mesmo a denúncia sendo uma farsa, uma grande mentira, um grande show de pirotecnia nesse país. De qualquer forma, como eu acredito na Justiça, tenho bons advogados, vamos brigar para ver o que dá. A verdade é essa: vamos continuar lutando para que Brasil conquiste a democracia e que o povo brasileiro volte a ter orgulho de ser brasileiro, porque nós somos brasileiros e não desistimos nunca", disse Lula.
O ex-presidente comentou a decisão de Moro durante participação, por videoconferência, em evento organizado em Nova York pela Confederação Sindical Internacional em sua defesa. Lula também disse duvidar que exista "um empresário minimamente sério neste país que tenha a coragem de dizer que o Lula um dia pediu um dólar para ele para alguma coisa."
"No Brasil, nesse instante, o que menos importa é a verdade, o que mais importa é a construção da versão. Eu conto uma versão, essa versão se torna manchete de jornal, a manchete de jornal é manipulada para a televisão, e aí a pessoa, independentemente de ser inocente, essa pessoa passa a ser condenada pela opinião pública", protestou o ex-presidente.

'O que está acontecendo não me abala'

Segundo Lula, há um "conluio" entre "alguns agentes" da Polícia Federal, do Ministério Público e "até alguns da Fazenda" na perspectiva de tentar evitar que ele seja candidato a presidente em 2018. "Não tenho convicção disso, mas é isso que eu leio todo dia", disse. 
"Eu quero ser julgado como qualquer cidadão brasileiro. Eu não quero privilégio, o que eu não quero é mentira", afirmou o ex-presidente. "O que está acontecendo no Brasil não me abala. Apenas me motiva a andar muito mais, a falar muito mais, a gritar muito mais."
Uma nota divulgada no site do ex-presidente logo após a participação de Lula no evento diz que Moro "confirmou sua parcialidade em relação a Lula, que já foi denunciada ao Supremo Tribunal Federal e à Corte Internacional de Direitos Humanos da ONU" e "deu prosseguimento ao espetáculo de perseguição política iniciado pelos procuradores semana passada." Ainda de acordo com o comunicado, a denúncia "tem caráter eminentemente político, sendo o resultado de uma série de arbitrariedades e violações de direitos". O texto ainda diz que se está diante "de um processo de cartas marcadas" com o "claro objetivo" de excluir Lula da vida política.

Moro perdeu imparcialidade, diz advogado

Presente ao evento em Nova York, o advogado Cristiano Zanin Martins, um dos integrantes da defesa de Lula, disse nesta terça (20) que o juiz Sérgio Moro perdeu a imparcialidade para julgar seu cliente.
"É evidente que este juiz perdeu a imparcialidade para julgar Lula. Apesar disso, ele insiste em querer julgá-lo sozinho e submetê-lo a um juízo de exceção", disse.
Zanin Martins questionou ainda o discurso feito pelo presidente Michel Temer horas antes, na abertura da Assembleia Geral da ONU, também em Nova York.
"Hoje, o presidente Michel Temer afirmou na ONU que temos um Judiciário independente e um Ministério Público atuante. As arbitrariedades impostas a Lula e seus familiares por um juiz de Curitiba e alguns procuradores colocam em xeque a imagem que Temer passou ao mundo. O show pirotécnico por ocasião de uma denúncia injusta e sem provas chocou não só o Brasil, mas todas as nações que prezam garantias aos direitos humanos", afirmou o advogado.
Em nota, Zanin e o advogado Roberto Teixeira afirmam que, "diante de todo o histórico de perseguição e violação às garantias fundamentais pelo juiz de Curitiba em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não causa surpresa a decisão por ele proferida nesta data". Segundo eles, "nem mesmo os defeitos formais da peça acusatória e a ausência de uma prova contra Lula" impediram que Moro impusesse ao ex-presidente "um crime que jamais praticou."
Após a decisão de Moro, além de Lula, viraram réus sua mulher, Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, além do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Fábio Hori Yonamine, Paulo Roberto Valente Gordilho e Roberto Moreira Ferreira.
Para Moro, há indícios de que Lula teria sido beneficiado pelas vantagens pagas pela OAS e que sabia que a origem do dinheiro era o esquema de corrupção que desviou recursos da Petrobras. 


Fonte:
 



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