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AFP / BULENT KILIC Tanque turco se dirige à Síria
Os rebeldes sírios, apoiados pelas forças turcas,
anunciaram nesta quarta-feira que expulsaram da localidade fronteiriça de
Jarablos os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), depois de horas de
ofensiva.
"Jarablos está completamente libertada",
afirmou à AFP Ahmad Othmane, comandante de um grupo rebelde que fez parte da
ofensiva no norte sírio, na fronteira com a Turquia.
Um porta-voz de outro grupo rebelde afirmou que os
extremistas se retiraram em direção à cidade de Al-Bab, ao sudoeste de
Jarablos.
O exército turco, apoiado pelas forças da coalizão
anti-extremista, lançou na alvorada sua maior operação militar na Síria desde o
início do conflito, "Escudo de Eufrates", e enviou tanques e aviões
de combate para expulsar os combatentes do EI.
O governo sírio criticou duramente a operação turca
e disse que é uma "violação flagrante" da soberania do país.
Os Estados Unidos colaborou com seu apoio à
operação em matéria de inteligência, vigilância e reconhecimento e conselheiros
militares.
Jarablos era a última passagem controlada pelos
extremistas na fronteira.
Dezenas de tanques turcos entraram em território
sírio e dispararam contra posições controladas pelo EI, constatou um fotógrafo
da AFP.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, disse que
a operação também apontava para as milícias curdas.
"Desde as 04H00 (22H00 de Brasília), nossas
forças lançaram uma operação contra os grupos terroristas do Daesh (acrônimo
árabe do EI) e do PYD (Partido da União Democrática curdo)", declarou
Erdoğan em um discurso em Ancara.
Os aviões F-16 turcos também bombardearam posições
extremistas, os primeiros ataques desde novembro de 2015, quando caças turcos
derrubaram um avião de combate russo na fronteira entre a Turquia e a Síria.
As forças militares apoiaram 1.500 combatentes da
oposição síria.
Os Estados Unidos poderiam também fornecer apoio
terrestre caso fosse necessário, indicou um funcionário que viajou com o
vice-presidente americano Joe Biden, que chegou durante sua viagem à Turquia.
Biden pediu claramente à milícia curda que não
cruzasse o rio Eufrates, como a Turquia pediu.
"Dissemos claramente" que essas forças
"devem voltar a cruzar o rio" ao retornarem a suas posições e que
"não terão, em nenhuma circunstância, o apoio dos Estados Unidos se não
respeitarem seus compromissos", disse Biden diante da imprensa junto ao
primeiro-ministro turco Binali Yıldırım.
Yıldırım reiterou que a Turquia "não tolerará
nenhuma entidade curda em sua fronteira" com a Síria.
Colunas de fumaça sobre Jarablos
A televisão turca mostrou colunas de fumaça sobre
Jarablos.
Um fotógrafo da AFP também disse que havia veículos
rápidos que provavelmente transportavam tropas.
A Turquia foi acusada durante muito tempo de fazer
vista grossa com os combatentes extremistas, mas agora seu governo quer
demonstrar que atua duramente contra o EI.
"Não queremos o Daesh no Iraque nem na Síria.
Contribuiremos com todo o tipo de apoio para a operação de Jarablos",
declarou o ministro de Relações Exteriores turco, Mevlüt Çavuşoğlu, em coletiva
de imprensa.
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AFP / BULENT KILIC
Tanques do exército turco e de opositores sírios pró-Ancara são vistos na região de Karkamis, na fronteira entre a Turquia e a Síria, no dia 24 de agosto de 2016
O governo turco quer impedir que Jarablos caia nas
mãos das milícias curdas e ao mesmo tempo "abra um corredor para os
rebeldes moderados", destacou um responsável turco.
A Turquia considera que o EI e o PYD curdo são
organizações terroristas e as combate apesar de seu aliado americano apoiar os
curdos que lutam contra os extremistas na Síria.
A Rússia, que apoia militarmente Damasco, se
mostrou "profundamente preocupada" com a operação e com uma possível
piora das tensões entre a Turquia e as milícias curdas.
A França "saudou a intensificação dos esforços
da Turquia" na "luta contra o Daesh" através de um porta-voz de
Relações Exteriores.
O EI foi responsabilizado pelo ataque do último
sábado (20) contra Gaziantep, perto da fronteira com a Síria, que matou 54
pessoas que estavam em um casamento curdo, entre elas várias crianças.
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