
DPA/AFP / Oliver Berg
A polícia alemã prevê que milhares de partidários
de Recep Tayyip Erdogan protestem neste domingo na Alemanha, onde as tensões se
multiplicam no seio da importante diáspora turca depois do golpe de Estado
frustrado e dos expurgos em massa na Turquia.
Duas semanas depois da tentativa de golpe, o
presidente turco segue tomando medidas para reforçar ainda mais seu poder.
Persistindo com os expurgos em massa, outros 1.400
militares foram destituídos no sábado, entre eles o conselheiro militar mais
próximo de Erdogan.
O presidente também anunciou querer controlar
diretamente os serviços de inteligência e os chefes do Estado-Maior do
exército.
As tensões na Turquia estão cada vez mais presentes
na Alemanha, onde vive a maior diáspora turca no mundo, com 1,55 milhão de
pessoas. Se forem incluídos os alemães de origem turca este número chega a três
milhões.
Em Colônia (oeste), os participantes de uma
manifestação a favor de Erdogan começavam a se reunir. Alguns deles seguravam
cartazes em defesa do chefe de Estado turco, que diziam "Erdogan
combatente das liberdades", constatou um jornalista da AFP.
Os organizadores esperam 50.000 pessoas, a polícia
local 30.000. Para evitar incidentes, foram mobilizados 2.700 efetivos.
Paralelamente, há várias contra-manifestações,
convocadas por movimentos alemães de esquerda e por um grupo local da
ultradireita islamofóbica. Segundo a polícia, ao meio-dia local centenas de
pessoas haviam participado delas de forma pacífica.
Discurso de Erdogan ao vivo é proibido
A manifestação em apoio ao chefe de Estado turco,
cujo lema é "Contra o golpe de Estado e pela democracia", foi organizada
pela União de Democratas Europeus-Turcos (UETD), considerada um lobby do
partido no poder em Ancara.
Os organizadores fizeram todo o possível para que
um discurso de Erdogan fosse transmitido ao vivo, mas as autoridades alemãs,
temendo confusões, se opuseram.
A Corte Constitucional alemã, máxima jurisdição do
país, a quem os organizadores recorreram, confirmou no sábado esta proibição.
Um porta-voz da presidência turca classificou a decisão de
"inaceitável" e exigiu explicações.

DPA/AFP / Oliver Berg Polícia se prepara para manifestação pró-Erdogan em 31 de julho de 2016 em Colônia
A polícia também rejeitou que autoridades
conhecidas do governo turco, como o ministro das Relações Exteriores,
participassem do ato. Por fim, será o ministro turco da Juventude e Esporte,
Akif Cagatay Kilic, quem estará presente.
Está previsto que a manifestação comece com os
hinos turco e alemão, seguidos por um minuto de silêncio em homenagem às
vítimas do golpe de Estado frustrado. Posteriormente será lida uma declaração,
distribuída previamente, onde os meios de comunicação são acusados de tomar
partido contra Erdogan.
Antes da manifestação, o presidente Erdogan
criticou as restrições alemãs e acusou o país de impedir os turcos de "se
reunirem, se manifestarem".
As autoridades alemãs, começando pela chanceler
Angela Merkel, expressaram preocupação diante dos possíveis incidentes.
"Importar as tensões políticas internas da
Turquia para cá (...) e intimidar as pessoas que têm outras convicções
políticas não é bom", declarou o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter
Steinmeier, ao jornal Süddeutsche Zeitung.
O ministro do Interior da região de Colônia, Ralf
Jager, advertiu, por sua vez, que em caso de "apelos à violência" a
"polícia atuará de forma rigorosa".
Às deterioradas relações entre Turquia e Alemanha,
sobretudo desde que os deputados alemães reconheceram em junho o genocídio
armênio, se somou nesta semana a tensão depois que Ancara pediu a extradição de
várias pessoas supostamente vinculadas às redes do pregador Fethullah Gulen,
acusado pelas autoridades turcas de ter instigado o levante.
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