Em
entrevista, ex-presidente diz que vazamentos e investigações da
Operação Lava Jato são parte de 'trama' para tirar PT do poder: 'a
direita não quer esperar'
Em
entrevista ao jornal britânico The
Guardian publicada
nesta segunda-feira (04/07), o ex-presidente Luiz Inácio da Silva
falou sobre a atual situação política no Brasil e a Operação
Lava Jato, que investiga o pagamento de propinas a políticos a
partir de contratos com a estatal Petrobras. Para Lula, o foco das
investigações no PT (Partido dos Trabalhadores) e o vazamento para
a imprensa de áudios de telefonemas entre ele e a presidente Dilma
Rousseff, em março, são indícios de que a operação é parte de
uma "trama" para tirar o PT do poder no Brasil.
"Por
que não investigam como todos os partidos políticos arrecadam
fundos?", questionou o ex-presidente sobre as investigações
sobre o financiamento de campanhas de políticos do PT. "Da
maneira como tem sido feito, fica a impressão de que todo o dinheiro
para o PT é sujo e que todo o dinheiro para o PSDB é limpo."
A matéria,
intitulada "'Não há crime': ex-presidente brasileiro mantém
fé em partido e sistema judiciário", começa com o relato de
Lula sobre a sessão da Câmara dos Deputados de 17 de abril, que
decidiu em prol do seguimento do processo de impeachment contra Dilma
Rousseff. “Foi muito triste. Sofri muito", declarou Lula, que
disse ter visto “o projeto de transformar esse país desmoronando”.
Ricardo Stuckert / Instituto Lula
'Tenho orgulho de ter indicado Dilma e de ela ter sido eleita', disse ex-presidente Lula ao The Guardian
'Tenho orgulho de ter indicado Dilma e de ela ter sido eleita', disse ex-presidente Lula ao The Guardian
O texto lembra que, ao deixar
a presidência em 2010, Lula era “o presidente mais popular do
mundo, uma figura representativa carismática de um mundo em
desenvolvimento recém confiante". Além disso, classifica Lula
como “o arquiteto de um projeto democrático da centro-esquerda
para reduzir a desigualdade no Brasil”.
De acordo com a matéria,
desde a saída de Lula do cargo, a economia “se deteriorou”, os
ventos políticos globais mudaram sua direção da “cooperação”
para “competição” e uma investigação “massiva” contra
corrupção atingiu várias figuras políticas, incluindo aliados de
Lula.
Ao The
Guardian,
Lula disse acreditar que a “ênfase” do PT nas camadas mais
pobres, as políticas de distribuição de renda e o aumento de
gastos com educação pública e saúde “incomodaram muita gente”.
“Agora
há mais [pessoas da nova classe média] nas ruas, nos teatros, nos
aeroportos. Parte da elite não quer dividir”, declarou.
Segundo ele, as investigações
da Operação Lava Jato são parte de uma “trama” para tirar o
Partido dos Trabalhadores do poder e evitar que Lula concorra
novamente às eleições presidenciais em 2018.
“Acredito
que há uma combinação entre algumas partes da mídia, da
promotoria e da polícia para destruir minha imagem”, disse o
ex-presidente. “É tudo com um objetivo: condenar Lula”.
Ele criticou também os
setores de direita que, segundo ele, não respeitam o direito de
escolha da população.
“Eu
perdi três eleições, mas respeitei a escolha das pessoas sobre o
vencedor [do pleito], disse. “Mas a direita não quer esperar”,
disse em referência ao processo de impeachment contra Dilma.
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