Um caminhão atingiu a multidão que participava das celebrações do Dia da Bastilha na cidade francesa de Nice, sul do país, na quinta-feira à noite, deixando pelo menos 84 mortos. Pelo menos 18 pessoas estão em estado crítico no hospital, segundo o ministro do Interior.
O presidente francês, François Hollande, referiu-se à violência como um ato de terror. Ele disse que o país permanece "sob a ameaça de terrorismo islâmico" e prorrogou por mais três meses o estado de exceção, que vigora no país desde os ataques em Paris em novembro.
"A França foi atacada no dia de seu feriado nacional, o 14 de julho, símbolo da liberdade. Os fanáticos rejeitam os direitos humanos e por isso a França é inevitavelmente um alvo. Nada nos fará ceder na nossa vontade de lutar contra o terrorismo", afirmou.
"Vamos reforçar nossas ações na Síria e no Iraque. Vamos continuar a atacar aqueles que nos atacam."
O motorista do caminhão foi morto durante o ataque. Segundo a imprensa francesa, ele tinha 31 anos, era franco-tunisiano e era conhecido da polícia. No veículo, teriam sido encontradas armas e granadas. Investigadores querem saber agora se ele agiu sozinho.
Ataque
O ataque ocorreu durante uma queima de fogos em uma avenida costeira da cidade chamada Promenade des Anglais. O motorista teria dirigido o caminhão por dois quilômetros avançando na multidão, contou o promotor de Nice Jean-Michel Pretre à agência de notícias AFP.
Uma imagem no Twitter mostra cerca de dezenas de pessoas deitadas na rua, algumas já recebendo atendimentos. A prefeitura local pediu aos moradores da região que ficassem em casa.
Um vídeo que está sendo compartilhado nas redes sociais mostra pessoas correndo nas ruas e o pânico tomando conta da multidão logo após o ataque.
Um repórter do jornal Nice Matin estava na região e relatou que havia "muito sangue e, sem dúvidas, muitos feridos".
Outra imagem publicada no Twitter mostrava o caminhão parado no meio da avenida com algumas partes da frente amassadas, marcas de tiros, e quatro policiais observando enquanto se protegiam atrás de uma árvore.
Um repórter da agência France Presse disse que o incidente ocorreu no fim da queima de fogos: "Nós vimos as pessoas sendo atingidas e pedaços de detritos voando ao redor".
Uma testemunha falou à TV francesa BFM: "Todo mundo estava gritando 'corram, corram, corram, é um ataque, corram'. Nós ouvimos alguns tiros. Achamos que eram os fogos, porque é o 14 de julho."
"O pânico se espalhou. Começamos a correr porque não queríamos ficar ali e entramos em um hotel para ficar em segurança", afirmou.
O repórter da BBC Roy Calley, que também estava na região na hora do incidente, disse que "milhares de pessoas estavam lá quando tudo aconteceu".
Outra testemunha, Colin Srivastava, disse à BBC que viu "centenas de pessoas correndo em pânico" no momento do ataque.
"Tentamos perguntar a alguns deles o que estava acontecendo e finalmente um disse: temos que sair daqui, a polícia nos disse para correr."
Solidariedade
Pelo Twitter, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy manifestou sua solidariedade às vítimas. "Emoção profunda e tristeza infinita diante do ataque a Nice. Solidariedade aos habitantes de Nice e dos Alpes-Maritimos."
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou o ataque e se solidarizou com a França em comunicado divulgado na noite desta quinta.
"Em nome do povo americano, eu condeno nos mais fortes termos o que parece ser um ataque terrorista horrendo em Nice, na França, que matou e feriu dezenas de civis inocentes", disse.
"Nesse Dia da Bastilha, nos lembramos da resiliência extraordinária e valores democráticos que fazem da França uma inspiração para o mundo inteiro."
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, ofereceu todo apoio ao povo de Nice em nome "de todos os parisienses". "Nossas cidades estão unidas".
Comoção
Nas redes sociais, as pessoas já começaram a manifestar comoção pelo incidente. No Twitter, a hashtag "Pray For Nice" (Rezem por Nice) já domina os Trending Topics e é uma das mais compartilhadas no momento.
As pessoas também estão utilizando a hashtag "Portas Abertas Em Nice" (#portesouvertesNice) para indicar locais para onde as pessoas podem ir para ficar em segurança, assim como aconteceu no ataque a Paris em novembro do ano passado.
Outros vídeos e imagens fortes das vítimas na Promenade têm sido publicados nas redes sociais, e a Secretária de Estado Juliette Meadel já fez um apelo para que as pessoas parassem de compartilhá-los em respeito aos mortos e a seus familiares.
O ataque também cancelou alguns eventos programados para acontecer nos próximos dias em Nice. Segundo a AFP, um show da Rihanna e um festival de Jazz que aconteceriam entre os dias 16 e 20 de julho em Nice foram cancelados.
Também pelo Twitter, o presidente interino, Michel Temer, manifestou solidariedade pelos franceses.
"É lamentável que no dia que eternizou a fraternidade como lema do povo francês, um atentado destrua a vida de tantos cidadãos", escreveu o peemedebista.
Temer ainda divulgou uma nota oficial sobre o incidente. "Os assassinos não conseguirão seu intento. Muito ao contrário, apenas reforçarão os laços entre países livres, que buscam a igualdade de condição entre as nações do mundo. E a fraternidade continuará a guiar nossos povos. Hoje, mais do que nunca, somos todos franceses. Irmãos na dor e solidariedade a todos os mortos e feridos, suas famílias e amigos. O Brasil se une a todos que desejam e lutam pela paz e harmonia no mundo. Estamos juntos contra a intolerância e a barbárie."
A presidente afastada Dilma Rousseff também prestou sua solidariedade pela rede social. "Neste momento de dor, manifesto minha solidariedade aos familiares e amigos das vítimas, ao presidente @FHollande e ao povo francês. Repudiamos com veemência o terrorismo".
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