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Por Estadão Conteúdo


AP Energy, citada na delação do ex-diretor da Camargo Corrêa como responsável por repassar propina ao ex-ministro, aparece na quebra de sigilo da Link Projetos e Participações

Edison Lobão (PMDB) foi ministro de Minas e Energia durante os governos Lula e Dilma
Antonio Cruz/ Agência Brasil
Edison Lobão (PMDB) foi ministro de Minas e Energia durante os governos Lula e Dilma
Duas empresas apontadas como de fachada pelas investigações da Lava Jato ligam o ministro de Minas e Energia nos governos Lula e Dilma, Edison Lobão (PMDB), ao ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso novamente nesta quarta-feira (7) no Rio pela Polícia Federal, durante a Operação Pripyat.
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A AP Energy, citada na delação premiada do ex-diretor da Camargo Corrêa Luiz Carlos Martins como responsável por repassar propina a Lobão, aparece na quebra de sigilo da Link Projetos e Participações que, segundo o Ministério Público Federal, foi utilizada para repassar vantagens indevidas ao ex-presidente da Eletronuclear.
A delação do ex-executivo da Camargo embasa um inquérito contra o ex-ministro aberto pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
No pedido que originou a primeira prisão de Othon, em julho de 2015, o MPF afirmou que existiam "evidências de que a Link Projetos e Participações foi efetivamente utilizada pela Engevix Engenharia apenas para repassar vantagens indevidas ao investigado, não tendo prestado quaisquer serviços".
Na quebra de sigilo da Link, o MPF detalha 88 transações financeiras com a AP Energy entre 2010 e 2014. No total, as movimentações bancárias somam R$ 2,1 milhões.
Para os investigadores, tanto a Link como a AP Energy existem apenas no papel e eram utilizadas para escoar propina. A primeira tem como sócio o empresário Victor Sérgio Colavitti. Após a 16.ª fase da Lava Jato, em que a empresa foi alvo, Colavitti assinou um acordo de delação premiada e assumiu ter firmado contratos fictícios com a Engevix com o objetivo de mascarar os repasses para a Aratec Consultoria, em nome da filha e do genro de Othon.
 Ricardo Pessoa (à direita) pediu,
Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados
Ricardo Pessoa (à direita) pediu, "em nome de Lobão", para que empresários doassem ao PMDB

Ele declarou ter pago R$ 765 mil para a Aratec no mesmo período em que foram identificadas as movimentações relacionadas à AP Energy.
A empresa de Colavitti integra um núcleo formado por ao menos outras três companhias suspeitas de firmar contratos fictícios com empreiteiras. A finalidade destes contratos, segundo afirmam os procuradores, seria "esquentar" a propina endereçada a agentes públicos.
Ex-ministro
Além da delação sobre a propina destinada à Lobão via AP Energy, outros depoimentos reunidos pela Lava Jato apontam para atuação do ex-ministro em desvios em obras do setor elétrico. Entre eles está a delação de Flávio Barra, ex-executivo da Andrade Gutierrez, que relatou pedido do presidente da UTC, Ricardo Pessoa, "em nome de Lobão", para que empresários doassem ao PMDB. O pedido, disse o delator, ocorreu durante reunião de empreiteiros sobre as obras de Angra 3.
Defesas
O advogado de Colavitti não respondeu ao contatos da reportagem. O advogado de Edison Lobão, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que as delações citadas são genéricas e desprovidas de sentido. Sobre a AP Energy, o advogado informou que Lobão "sequer conhece a empresa". A reportagem não encontrou os sócios da AP Energy nos telefones em nome da empresa.


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