Em 2017, por
decisão da presidenta Dilma Rousseff, o salário mínimo deve aumentar de R$ 880
para R$ 946. Isto pela previsão de inflação de 7,5% em 2016. Desde 2002, o
reajuste foi de quase 80%. A partir daquele ano, o governo federal assegurou
sua valorização e o salário mínimo tornou-se a principal referência para a redistribuição
de renda e redução das desigualdades do país. A atual lei garante esta
valorização até 2019.
Essa valorização
real, acima da inflação, tem forte impacto sobre a renda de 48,3 milhões de
pessoas que têm seus rendimentos referenciados pelo mínimo, trabalhadores
ativos e aposentados. Em 2016, o reajuste deve injetar R$ 57 bilhões na
economia.
Ao combinar uma
melhor estrutura do emprego com acesso a mais direitos sociais, o Brasil
trilhou o caminho recente de grandes transformações. Segundo o Ipea, a inclusão
pelo trabalho representou mais de 60% do aumento da renda domiciliar das
famílias. E esse crescimento foi maior para os 30% mais pobres. É a partir da
renda do trabalho que, em grande medida, definimos uma maior ou menor
desigualdade na sociedade. O salário mínimo teve função crucial nesse processo
e a diferença na taxa de crescimento das rendas é o que explica a redução da
desigualdade do país.
A criação de 19,3
milhões de novos postos formais em 13 anos e a redução da informalidade, com
mais carteiras de trabalho assinadas, fortaleceu as bases para uma sociedade
mais solidária de acordo com o projeto imaginado pela Constituição Federal de
1988.
Os 22,5 milhões de
aposentados, do campo e da cidade que têm suas rendas diretamente afetadas pelo
salário mínimo, hoje vivem com mais dignidade. Especialmente no interior do
Brasil, vimos um novo padrão de vida, simples e mais digno, no qual a fome e a miséria
saem de cena depois de séculos. Essa realidade se deve à opção de manter os
benefícios previdenciários vinculados ao salário mínimo, o que representa uma
visão de país que não aceita que os aposentados e pensionistas sejam tratados
como brasileiros de segunda categoria.
Foi a partir da
democracia conquistada que a luta popular escreveu na Constituição de 88 estes
direitos fundamentais: salário mínimo digno, garantia de aposentadoria igual ao
salário mínimo para o campo e a cidade, garantia de um salário mínimo para os
idosos e famílias mais pobres com filhos com deficiência, além de outras leis
sociais e trabalhistas.
A violação da
democracia com a tentativa de afastar a presidenta eleita Dilma Rousseff tem
como objetivo rasgar estes direitos conquistados e promover um enorme arrocho
salarial por meio da precarização das relações de trabalho com o fim da CLT em
nome de uma "reforma trabalhista", e acabar com a política de
valorização do salário mínimo. Como consequência haverá uma reconcentração da renda
nacional, com enorme exclusão social e retorno a violência contra uma sociedade
mobilizada. Um retrocesso inaceitável para o Brasil.
É preciso seguir
denunciando e lutando; ampliar o diálogo com a sociedade brasileira. Esta
tentativa de golpe pode e deve ser derrotada. O futuro do nosso país será na
democracia ou não o será. Respeitar a democracia é recuperar o mandato popular
da presidenta Dilma e retomar uma agenda de desenvolvimento econômico e social
para o país.
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