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PGR denuncia Cunha por propina de R$ 52 mi em obras no Rio

Por: Laryssa Borges e Marcela Mattos, de Brasília



O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comparece ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), para fazer sua defesa. Cunha é alvo de um processo por quebra de decoro por supostamente ter ocultado contas bancárias secretas no exterior e de ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras - 19/05/201(Adriano Machado/Reuters)
A Procuradoria-Geral da República apresentou nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a terceira denúncia contra o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Operação Lava Jato. As suspeitas são de que ele recebeu cerca de 52 milhões de reais em propina do consórcio de empreiteiras que atuava nas obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.
Em acordo de delação premiada, o ex-vice presidente da Caixa Fábio Cleto confirmou que houve pagamentos de propina a Eduardo Cunha para que fossem liberados recursos do fundo de investimentos do FGTS para o projeto Porto Maravilha. Dois outros delatores da Operação Lava Jato, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, já haviam detalhado os repasses de dinheiro sujo. A empreiteira compunha o consórcio, ao lado das construtoras OAS e Odebrecht, que atuava nas obras de revitalização da região portuária do Rio de Janeiro. "Seu pai lhe comunicou que Leo Pinheiro, da OAS, e Benedito Junior, da Odebrecht, (...) comunicaram que havia uma solicitação e um 'compromisso' com o deputado Eduardo Cunha (...) e que o valor daria em torno de 52 milhões de reais devidos pelo consórcio, sendo 13 milhões de reais a cota parte da Carioca", disse Ricardo Pernambuco Jr. em depoimento de delação premiada.
Segundo o também delator Ricardo Pernambuco, a estratégia era "combinar tais pagamentos e se tais valores poderiam ser pagos no exterior, tendo em vista a dificuldade de pagar os valores internamente". Na delação, o empresário afirma que Cunha indicou uma conta no banco Israel Discount Bank para receber os valores. No pagamento de propina, os repasses relatados pelo empreiteiro previam desembolsos mensais de 300.000 reais. Em um dos casos, para a confirmação do envio de parte do dinheiro sujo, Ricardo Pernambuco Jr. encaminhou um e-mail em 26 de fevereiro de 2012 a Eduardo Cunha com a seguinte mensagem cifrada sobre "um livro de 181 páginas sobre túneis suíssos (sic)" e, na sequência, pedido para "confirmar se receber o livro e seu (sic) gostou das fotos".
Em nota, o deputado Eduardo Cunha voltou a desmentir qualquer recebimento de vantagem indevida. "É estranha a seletividade do PGR com relação a mim. Em nenhum dos três inquéritos que originaram as respectivas denúncias chegaram a tomar a minha oitiva para ter a oportunidade de rebater os fatos, o que é anormal e não acontece em situações semelhantes". Ele afirmou ainda que há um "clima de pressão" contra ele e a família às vésperas do julgamento do processo de cassação dele no Conselho de Ética. Nesta quinta, a esposa de Cunha, a jornalista Claudia Cruz, se tornou ré por lavagem de dinheiro e evasão de divisas na Operação Lava Jato.


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