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POR FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO E RICARDO BRANDT


Milton Pascowitch, em longo depoimento, conta como bancou despesas milionárias de ex-ministro, como pagou US$ 380 mil por obra de arte para ex-diretor da Petrobrás e que levava 'malinha' com dinheiro vivo na sede do Diretório Nacional do PT
Lobista Milton Pascowitch, quandoi foi preso pela Lava Jato
Lobista Milton Pascowitch, quandoi foi preso pela Lava Jato
Em um longo depoimento incisivo e sem rodeios, o lobista Milton Pascowitch, um dos delatores da Operação Lava Jato, revelou ao juiz federal Sérgio Moro nesta quarta-feira, 20, detalhes de pagamentos que afirma ter feito diretamente ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto na sede nacional do partido em São Paulo, e como realizou reformas a preços milionários – segundo ele, com recursos de propinas do esquema de corrupção na Petrobrás -, de imóveis do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). Ele relatou também como pagou uma obra de arte de US$ 380 mil para Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera, e como repassou valores para o ex-gerente de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco.
Ao final da audiência, gravada em áudio e vídeo em seis partes, o delator declarou a Moro arrependimento. “Arrependimento pelos fatos e pelas atitudes que tomei nesses últimos tempos. Arrependimento de ter decidido fazer da minha vida profissional…acobertado situações dúbias, procedimentos esquecendo que o meu direito como qualquer cidadão em sociedade é estabelecido em lei e que só recentemente percebi ter me afastado desse respeito às leis.”
O rosto do delator não aparece nas imagens que a Justiça Federal no Paraná tornou públicas, como quase todo o processo da Lava Jato é público. A defesa pediu que a câmara não focalizasse Pascowitch, por isso ela ficou fixa para algum ponto no teto da sala de audiências.
O juiz perguntou ao delator se ele conheceu João Vaccari Neto. “Conheci e cheguei a passar valores para ele. Eu conheci o João Vaccari por apresentação do Renato Duque em 2009. Acho que ele (Vaccari) já havia sido indicado para a Secretaria de Finanças do Partido dos Trabalhadores. Nessa época coincidiu com o contrato de 3 bilhões de dólares relativo aos cascos repliclantes. O grupo político não era mais representado por José Dirceu, apesar de indiretamente poder ter participação.”
Segundo o delator, o ‘grupo político passou a ser representado pelo João Vaccari’.
Pascowitch revelou repasses da ordem de R$ 14 milhões para ‘o grupo político’, dinheiro oriundo de comissões a serem pagas pelo contrato dos cascos. Parte foi para o PT, declarou. “João Vaccari necessitava de pagamentos em dinheiro e me ressarcia em contratos junto com a Engevix quando fazia doações para o partido, o diretório nacional do PT.”
Desses recursos, afirmou o delator, R$ 10 milhões foram repassados em dinheiro entre 2009 e até meados de 2011. “Eu recebia recursos 700, 800 mil reais por mês provenientes de contratos de serviços terceirizados. Muitas vezes eu saía do escritório da empresa (terceirizada da Petrobrás) e ia entregar ao senhor João Vaccari, entregava pessoalmente.”
O juiz Sérgio Moro questionou o delator se tanto dinheiro não significava um ‘volume expressivo em espécie’ e como ele fazia o transprte. “Era expressivo, mas cabia na malinha, cabia R$ 500 mil, eu entregava dentro do Diretório Nacional do PT, na sala dele (Vaccari).”

Sobre José Dirceu, preso desde 3 de agosto de 2015, o delator disse que bancou a reforma da casa do ex-ministro no município de Vinhedo, no interior de São Paulo, até 2014. O juiz perguntou a ele se não o preocupava o fato de que, em 2012, ter sido iniciado o julgamento de Dirceu no processo do Mensalão no Supremo Tribunal Federal e, mesmo assim, prosseguiu fazendo depósitos para bancar a reforma do imóvel. O juiz insistiu, apontando depósitos de até R$ 100 mil por parte de Pascowitch já em 2013, quando Dirceu foi condenado, e em 2014, quando o ex-ministro foi preso. “Não havia preocupação, excelência”, respondeu o lobista que também chegou a ser preso na Lava Jato e, para se livrar da cadeia, fechou acordo de delação.
Pascowitch confirmou existência de contrato de fachada entre sua empresa, a Jamp Engenheiros, e a de Dirceu, a JD Assessoria e Consultoria, firmado em abril de 2011. O objetivo, segundo o delator, era ‘dar cobertura das necessidades de José Dirceu’. “Valores absolutamente desproporcionais com a necessidade dele. José Dirceu assinava contratos de R$ 20 mil por mês e as despesas dele eram de um milhão. A pressão dele e do Luiz Eduardo (irmão do ex-ministro), em alguns meses, era muito forte.”
Defesa. O criminalista Roberto Podval, defensor de José Dirceu, nega taxativamente que o ex-ministro tenha recebido propinas do esquema montado na Petrobrás. Na audiência, ele perguntou ao delator se podia definir ‘quanto cada um recebeu’. Pascowith disse. “Eu calculei a média de R$ 500 mil até 2013, no caso da Hope (terceirizada na Petrobrás), que parou de pagar antes de 2013. Eu me refiro à situação de pico. No topo era 800 e poucos mil reais, ele (Fernando Moura) recebia 180, o Duque um crédito de 300, e o José Dirceu, 240, 250 mil por mês.”
Segundo o delator, ‘a parte das outras empresas era distribuída para o Silvinho (Pereira) para fazer campanha política, acho que não chegava ao José Dirceu mesmo’.
Podval insistiu para que o delator fosse objetivo com relação ao que foi pago a Dirceu. “Só venho afirmar aquilo que eu fiz”, respondeu Pascowitch. Segundo ele, Dirceu ‘entusiasmou-se com a performance como consultor e achou que valia a pena voltar à condição de um ser político’.
O delator disse que em ‘sua opinião, José Dirceu era absolutamente alheio à administração da JD Assessoria, ele não tem qualificação para administrar empresa assim’.
O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende João Vaccari Neto, tem reiterado que o ex-tesoureiro do PT, jamais arrecadou valores ilícitos para o partido. “Todas as captações foram absolutamente legais e repassados ao PT, com declaração à Justiça eleitoral”, afirma D’Urso.
Fonte:



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