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Anistia Internacional diz que a empresa não limpou vazamentos de petróleo na Nigéria, apesar de alegações contrárias. Shell atribui muitos problemas a sabotagem e roubo e afirma que melhorou a segurança de gasodutos.
Áreas ainda sujas de petróleo no Delta do Níger
O saneamento ambiental do Delta do Níger, maior região produtora de petróleo na África, está muito atrasado, afirma Makmid Kamara, ativista dos direitos humanos e membro da ONG Anistia Internacional na Nigéria. "Quando você visita as comunidades, a primeira coisa que sente é o cheiro forte de petróleo", diz.
A petrolífera anglo-holandesa Shell opera cerca de 50 campos de petróleo e 5 mil quilômetros de gasodutos na região. De acordo com informações da própria empresa, ela é responsável por 1.693 vazamentos desde 2007.
Pesquisadores acreditam que o número real é ainda maior, como mostra um relatório conjunto divulgado nesta terça-feira (03/11) pela Anistia Internacional e pelo Centro para o Meio Ambiente, Direitos Humanos e Desenvolvimento (CEHRD, na sigla em inglês).
Em algumas áreas, a poluição ambiental acontece há décadas, privando as comunidades de suas terras e meios de subsistência. Com o novo relatório, os ativistas pressionam a Shell, maior empresa de petróleo da região, a assumir sua responsabilidade pelos estragos e recuperar essas terras, tornando-as novamente aráveis.
"Isso é tudo o que as pessoas pedem", afirma Kamara. "Elas querem ter suas terras de volta para plantar, alimentar suas comunidades e ter dinheiro para mandar suas crianças à escola."
As organizações analisaram quatro locais de vazamento de petróleo considerados altamente contaminados pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em 2011. Essas análises mostram que a contaminação persiste até hoje, apesar de a Shell alegar que já limpou essas áreas.
Os grupos disseram ter encontrado camadas de petróleo tanto no solo quanto na água em várias localidades. Num dos locais, o vazamento ocorreu há 45 anos, e a petroleira afirma tê-lo limpado duas vezes.
Segundo Kamara, a lei nigeriana é muito clara. "Quando ocorre um vazamento, a companhia responsável deve limpá-lo em 24 horas", diz. O relatório afirma que o problema está na implementação dessa lei.
O órgão nigeriano para cuidar do assunto, a Agência Nacional de Detecção e Resposta a Vazamentos de Petróleo (Nosdra, na sigla em inglês), sofre com a falta de recursos e certifica como limpas áreas que ainda estão visivelmente poluídas.
Além disso, segundo o relatório, as áreas que sofreram saneamento só foram limpas superficialmente. "Foi só uma maquiagem", teria dito um empreiteiro contratado pela Shell aos pesquisadores. "Se você escavar apenas alguns metros, vai encontrar petróleo."
De acordo com a Anistia Internacional, a Shell não concorda com as conclusões do relatório. Em sua página na internet, a empresa afirma que sabotagem e roubo são importantes causas dos vazamentos de petróleo.
Ela afirma ainda que conseguiu melhorar a segurança dos gasodutos por meio de um acordo de cooperação com as comunidades locais. Em janeiro de 2015, a Shell concordou em pagar 55 milhões de libras para os pescadores do Delta do Níger, após três longos anos de batalha legal.
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