Samarco admite que barragens ainda podem se romper em Mariana (MG)
Rayder Bragon
Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte
- Douglas Magno/AFPCarro é levado por enxurrada causada pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco Fundão, em Mariana (MG)
A barragem de Santarém, que represa parte dos rejeitos da barragem do Fundão, que rompeu e causa a onda de lama que matou várias pessoas e segue pelo rio Doce, pode também romper já que foi danificada após o desastre de Mariana (MG). A barragem de Germano, mais distante de ambos, também corre riscos.
Durante entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (17), na sede da Samarco, em Mariana (MG), representante da empresa admitiu que pode não está descartado um rompimento..
"Hoje os fatores de segurança para a barragem de Selinha [dique da barragem de Germano] que é menor dos barramentos de Germano, é o 1,22. É o menor fator de segurança que a gente tem", disse Kleber Terra, Diretor de Operações e Infraestrutura, para completar que Santarém está com fator de segurança em 1,37. Conforme ele, as normas que regem as medidas de segurança em barragens exigem um fator acima de 1,5.
Segundo outro representante da empresa, a barragem de Santarém pode se romper caso haja um "fluxo descontrolado" de materiais.
"A maior preocupação mesmo, na barragem de Santarém, é a erosão. Então, um fluxo descontrolado passando novamente por cima da barragem, nós poderíamos aumentar, sim, essa erosão e poderíamos ter, sim, passagem desse material que está retido à montante para à jusante", afirmou Germano Lopes, gerente-geral de projetos estruturais. "Esse fluxo descontrolado pode ser provocado por chuvas intensas, fazendo com que uma cheia se formasse dentro da bacia hidrológica das barragens".
De acordo com os representantes da empresa, obras emergenciais estão sendo feitas nas duas barragens, As obras em Germano vão durar 45 dias e, as da Santarém, 90 dias.
Conforme Kléber Terra, no dia do rompimento, aproximadamente 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro vazaram de Fundão, que estava com 55 milhões de metros cúbicos. Segundo ele, 20 milhões permanecem no fundo de um vale dessa barragem.
"Na descida [do rejeito], esse volume erodiu uma parte da barragem de Santarém. Então, uma parte de Santarém foi levada por esse fluxo. Outra parte permaneceu lá. Hoje, dentro de Santarém, tem 5,5 milhões de metros cúbicos, e tem 20 milhões na de Fundão", afirmou.
Ele declarou que uma empresa especializada foi contratada para analisar a condição do dique de Selinha.
"É difícil falar se vai romper ou não. A gente contratou essa empresa para simular essas condições. Mas como é uma ciência muito complexa, a gente não tem a resposta rápido", salientou.
Os representantes da empresa disseram ainda que a Samarco não está poupando recursos para tentar minimizar, nesse primeiro momento, o caos advindo do rompimento da barragem de Fundão, que destruiu boa parte dos subdistritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana, além de ter formado uma onda de rejeitos que percorre o rio Doce e já provocou transtorno no fornecimento de água potável em cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo.
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