Obrigado, excelentíssimo deputado federal Eduardo Cunha.
Vossa excelência prestou uma grande contribuição à causa da liberdade democrática.
Só que às avessas.
A causa da liberdade democrática caminha junto com o debate sobre a regulação democrática da mídia.
A sua manifestação hoje no Twitter, que já está sendo recebida com fogos de artifício pela mídia corporativa, foi um tiro no pé.
No seu pé e no pé da mídia.
No mesmo dia em que o novo ministro da Comunicação, Ricardo Berzoini, diz que o governo irá promover o debate sobre a regulação da mídia, uma promessa de campanha da então candidata e da agora novamente empossada presidente Dilma Rousseff, o deputado Cunha se posiciona duramente contra.
Até aí tudo bem. Se vimos até gente pedindo intervenção militar, não nos espantamos que haja quem seja contra que o Brasil possua um sistema de informação mais democrático e mais plural.
Só que Cunha foi mais longe. Ele disse que eles, do PMDB, não aceitam “nem discutir o assunto”.
A reação de Cunha, e da mídia, é de insegurança.
A insegurança dos autoritários.
A essência da democracia, e em especial do parlamento, é a liberdade para discutir qualquer assunto.
O Partido dos Trabalhadores é a legenda com o maior número de representantes na Câmara. E a democratização da mídia hoje faz parte de suas diretrizes políticas mais importantes.
O próprio PMDB tem vários parlamentares favoráveis ao debate sobre a democratização da mídia. A começar pelo senador Roberto Requião, candidato do PMDB ao governo do Paraná. Ainda no PMDB, temos o deputado federal Jorão Arruda, também do Paraná.
Diversos outros partidos tem quadros comprometidos com a causa da regulação democrática da mídia, como o PSB, que conta com Luiza Erundina.
Como assim alguém que pretende ser presidente da Câmara não aceita sequer discutir o assunto?
Cunha vai impor censura? Ele pensa que é candidato a ditador do Brasil?
Ao agir assim, Cunha fez o contrário do que pretendia.
Ele iniciou o debate em alto estilo, por isso o agradecimento a sua pessoa no início do post.
Cunha é contra qualquer tipo de pauta progressista.
Sua última campanha no Rio de Janeiro foi feita com espaços publicitários nas páginas mais importantes do Jornal O Globo.
Por isso mesmo, para a mídia, é um tiro no pé ter um lobista da qualidade ética e com o perfil político de Cunha tentando censurar e bloquear o mero debate sobre uma regulação necessária e democrática da mídia brasileira.
Tentar impedir o mero debate é uma medida extrema, truculenta, medrosa, desesperada.
Com apoio de seus lacaios, a mídia tenta pintar o debate sobre regulação econômica da mídia como tentativa do governo de “censurar” a imprensa.
Pintar um “debate” como tentativa de censura é um contrassenso ridículo.
Uma mentira que apenas reforça a necessidade de regular democraticamente a instância mais importante na formação da consciência política de um país.
Ninguém quer censurar nada!
Quem sempre foi a favor da censura são os barões da mídia, que formam um cartel ideológico formado e consolidado na ditadura militar, e que até hoje tentam impor uma agenda política ao país.
Os bilhões nas contas bancárias dos barões da mídia é que foram constituídos com censura.
Até hoje censuram!
Vide o caso da sonegação da Globo, sinistramente censurado em todos os meios de comunicação. Autocensurado. E agora tentam repetir a fórmula com o debate sobre a regulação econômica da mídia.
A mídia herdou o que havia pior na ditadura: censura, truculência e autoritarismo.
As armas desses senhores feudais da mídia perderam poder de fogo, mas ainda possuem poder excessivo, sobre o debate político, econômico e cultural, sobretudo quando olhamos para as concessões públicas na TV aberta.
Suas campanhas de mentiras e agora a contratação de um lobista da qualidade de Eduardo Cunha, apenas ilustram a decadência moral e política de uma imprensa profundamente anti-democrática.
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