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Lista suja do trabalho escravo sai do ar após pedido de construtoras


Por Vitor Sorano - iG São Paulo


Associação liderada pela MRV consegue decisão que proíbe divulgação dos nomes de empregadores que praticam o crime



Brasil Econômico/ Rodrigo Capote
Rubens Merin, presidente da MRV e da Abrainc

Uma associação de construtoras liderada pela MRV conseguiu tirar do ar, nesta quarta-feira (31), a lista de empresas que usamtrabalho escravo, divulgada desde 2004 pelo Ministério do Trabalho (MTE).  É a primeira vez que isso acontece.
"O cadastro dos empregadores é um dos instrumentos mais efetivos para a erradicação do trabalho escravo", diz Alexandre Lyra, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo do MTE, ao iG. "Retiramos hoje [quarta-feira] o cadastro do site".
Além de divulgar os nomes de quem explora o trabalho escravo, a lista serve para impedir que esses empregadores obtenham empréstimos em bancos públicos como a Caixa Econômica Federal, que é a principal operadora do crédito imobiliário no País. 
A Caixa também opera o programa Minha Casa, Minha Vida, que tem a MRV como principal construtora participante.


Imagem editada a partir de reprodução - 31.12.14
Mensagem no site do Ministério do Trabalho informa que lista suja foi retirada do ar pela decisão

A última versão da lista suja do trabalho escravo, de julho de 2014, contava com 609 empresas.  Dessas, 32 eram construtoras, o que colocava o setor como o 4º colocado. A nova versão, que deveria ter sido publicada na terça-feira (30) não mudaria muito esse quadro.
"Pelo boom do setor da construção civil, as ações fiscais se intensificaram e tivemos caracterizações de trabalho escravo [que levaram à inclusão de construtoras na listagem]. Mas nada indicava que haveria um acréscimo expressivo do setor [na listagem que deveria ter sido divulgada na terça-feira]", diz Lyra.
Os nomes dos empregadores flagrados explorando trabalho escravo só são incluídos na lista após um processo administrativo realizado pelo MTE que comprove a ilegalidade. A retirada ocorre após um monitoramento de dois anos que comprove o fim das irregularidades.
Manifestantes protestam em frente a loja recém inaugurada da Primark em Berlim. Foto: Reuters
Consumidores se amontoam em frente a nova loja da Primark em Berlim. Foto: Reuters
Euforia de consumidores em inauguração de loja da Primark em Berlim. Foto: Reuters
Consumidores se amontoam em frente a loja da Primark, suspeita de trabalho escravo. Foto: Reuters
xx. Foto: Reuters
Rebecca Gallagher mostra no Twitter etiqueta com denúncia de trabalho escravo. Foto: Twitter/Reprodução
Mensagem de socorro escrita por suposto trabalhador chinês. Foto: Twitter/Reprodução
Rede de varejo britânica Primark, onde foram encontradas mensagens com denúncias de trabalho escravo nas peças vendidas. Foto: Divulgação
Lojas Americanas foi condenada a fiscalizar seus fornecedores e pagar multa de R$ 250 mil por trabalho escravo. Foto: AE
Grupo Restoque, dono das grifes Le Lis Blanc e Bo.Bô, foi condenado a pagar R$ 1 milhão por trabalho escravo em agosto. Foto: Le Lis Blanc
Trabalhadores terceirizados da Zara foram encontrados em condições análogas à escravidão em São Paulo em 2011. Foto: Epitácio Pessoa / AE
Magazine Luiza foi condenada a pagar R$ 1,5 milhão por reduzir custos do negócio a partir da eliminação de direitos trabalhistas. Foto: Getty Images
Manifestantes protestam em frente a loja recém inaugurada da Primark em Berlim. Foto: Reuters
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MRV já foi quatro vezes para a lista, segundo MTE
A retirada do ar foi determinada por decisão liminar (provisória) do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, no último dia 27.
O pedido foi feito cinco dias antes, já durante o recesso judiciário, pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Com isso, Lewandowski pôde avaliar o pedido sozinho. O ministro tomou a decisão sem ouvir o Ministério do Trabalho, como é a prática em liminares.
Na ação - que, se vitoriosa, significará o fim da lista suja e não apenas sua suspensão -, a Abrainc argumenta que a divulgação da lista expõe os empregadores a uma situação vexatória.
O presidente da Abrainc é Rubens Menin, presidente do Conselho de Administração da MRV, empresa que já foi incluída quatro vezes na lista suja do trabalho escravo mas conseguiu decisões judiciais para ser excluída, segundo o MTE.
Procurados a Abrainc e a MRV não responderam até a publicação desta reportagem. Em seu blog, Menin não faz qualquer referência à decisão que proibiu a divulgação da lista suja. A última pblicação, intitulada "2014, um ano vitorioso", comemora os resultados da empresa no ano.
Aguarde mais informações.
                                                              Fonte:





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