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Por Mehreen Zahra-Malik
MOZA SIAL Paquistão (Reuters) - Um homem paquistanês cuja esposa foi espancada até a morte por familiares furiosos que não aprovavam seu casamento relembrou sua breve vida com a mulher por quem se apaixonou à primeira vista.
Farzana Iqbal, de 25 anos, foi assassinada na terça-feira por um grupo que tinha como integrante o próprio pai, disseram testemunhas e a polícia, por ter se apaixonado e casado em janeiro com Muhammed Iqbal, em vez de um primo escolhido para ela.
"Ela era uma pessoa muito feliz. E ela foi a melhor esposa que qualquer um poderia pedir", disse à Reuters Iqbal, de 45 anos, em sua casa de tijolos de barro localizada na aldeia de Moza Sial, no centro do Paquistão.
"Ela nunca mentiu. Ela nunca quebrou suas promessas. Era isso o que eu mais amava e respeitava nela. Ela nunca me deixou na mão. Mas eu a deixei. Era meu dever salvá-la."
A sombria história de amor, traição e assassinato chocou pessoas ao redor do mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a morte de Farzana e um grande jornal internacional trouxe na primeira página uma foto da Reuters com os vestígios do terrível ataque.
No entanto, no Paquistão, país muçulmano de cerca de 180 milhões de habitantes, a reação ao assassinato foi mais silenciosa.
Diversas famílias conservadoras consideram vergonhoso que uma mulher se apaixone e escolha o próprio marido. A recusa em aceitar casamentos arranjados comumente resulta em "crimes de honra".

Em 2013, foram relatados 869 casos na mídia, segundo a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, e os números reais devem ser provavelmente mais altos, já que muitos crimes não são notificados.

A notícia ultrapassou as fronteiras do Paquistão porque o crime ocorreu em plena luz do dia diante da Suprema Corte da cidade de Lahore, capital cultural do país.
Na terça-feira, Farzana, seu marido e outros familiares foram atacados a caminho do tribunal de Lahore, onde eles planejavam argumentar que seu casamento era genuíno, em resposta a uma acusação de sequestro apresentada pela família de Farzana.
A própria história de amor nasceu de uma situação violenta, perpetrada por Muhammed. Em uma confissão informal, ele disse ter matado a primeira mulher em uma briga sobre Farzana em 2009.
"Eu fiquei nervoso. Nós estávamos brigando, o tipo de brigas que marido e mulher têm. Eu a segurei pelo pescoço e queria apenas empurrá-la, mas ela morreu", afirmou.
"Eu ia ver Farzana e ela ficou no meu caminho e disse que não me deixaria ir. Então eu a empurrei. Houve uma ação por assassinato contra mim por três a quatro anos mas aí meus filhos me perdoaram e eu fui liberado. Então, casei com Farzana."

Sob a lei islâmica, que é aceita pelos tribunais paquistaneses, as famílias das vítimas podem decidir o destino dos criminosos condenados.

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