Enquanto dezenas de líderes de rede se dirigem rumo ao Acre em caravana que partiu ontem de vários estados do país, uma nova manifestação, que está sendo divulgada pelas redes socais, será realizada nesta quinta-feira, 27, em Rio Branco em frente ao Tribunal de Justiça para pedir o fim do desbloqueio das atividades financeiras da empresa Ympactus Comercial Ltda, a Telexfree. A caravana partiu ontem do Rio Grande do Sul e reúne pessoas de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, por enquanto.
Líderes de outros estados divulgam pelas redes sociais a adesão de investidores de outros estados no comboio e uma possível audiência com o governador Tião Viana. A assessoria do governador não confirma o encontro. A ação da Justiça do Acre bloqueou as atividades financeiras de investidores de todo o país.
Ontem cerca de 200 manifestantes realizaram um ato de protesto em frente ao Ministério Público entre 10h00 e 13h00. O trânsito ficou comprometido com engarrafamentos por mais de três quilômetros na região central de Rio Branco, desde o Segundo Distrito à avenida Ceará. Um grupo de cinco pessoas foi recebido pelos promotores da Promotoria de Defesa do Consumidor, que esclarecem a posição institucional do MP em relação ao caso.
Segundo os promotores as medidas medidas cautelares foram tomadas para garantir o ressarcimento dos investidores, considerando a coletividade e não casos isolados. Apesar das explicações dadas aos investidores, o MP mantém a análise de que as ações comerciais e financeiras da Telexfree representam pirâmide financeira fraudulenta, ilegal no pais.
Os promotores Danilo Lovisaro e Rodrigo Curti pediram a instauração de inquérito que irá investigar se há configuração de crime contra economia popular, com lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, por exemplo, no que se refere às atividades dos líderes da empresa.
(Foto: Assessoria MPE/AC)
Divulgadores, coordenadores de rede, investidores em geral não podem fazer retiradas em dinheiro desde a semana passada quando a juíza da 4ª Vara Civil da Comarca de Rio Branco, Thaís Queiroz Abou Khalil, deferiu pedido feito pelos promotores Nicole Gonzalez Colombo Arnoldi e Marco Aurélio Ribeiro e decidiu vedar novos cadastros de divulgadores e o pagamento aos já cadastrados até o julgamento final da ação principal.
Sonhos congelados - “Aqui só tem milionário”, disse um dos investidores da Telexfree do Acre na manhã de ontem, no auditório do Ministério Público do Acre enquanto aguardava o resultado da reunião entre promotores e os cinco membros da empresa que representavam o grupo. Fabiano Oliveira estava receoso em dar o seu depoimento, mas autorizou o registro da imagem ao contrário de outros colegas que fazem questão de descrever o impacto dos ganhos financeiros a partir da adesão à Telexfree, apesar de sentirem-se inseguros em mostrar o rosto.
Fabiano Oliveira (à esquerda) e Jardson Timóteo (em pé) foram uns dos primeiros investidores da Telexfree no Acre (Foto: Golby Pullig/Pagina20.net)
“Os sonhos começam a acontecer”, “Sonhos são realizados”, “É uma nova vida acontecendo”, “Só fala mal quem está fora”, são algumas das declarações feitas pelos manifestantes que aguardam o desbloqueio dos pagamentos para continuar realizando os sonhos no presente. “Nunca ganharia este dinheiro com meu salário de servidora pública. Os ganhos da Telexfree acrescentam muito na vida da pessoa. É mudança 100% de vida. Não me arrependo de nada a não ser de ter entrado tão tarde nesse projeto”, confidenciou a mulher que preferiu ser identificada pelo pseudônimo de “Glória”.
O radialista Andrade Filho defende com veemência as vantagens e a idoneidade das atividades financeiras da empresa. “Eles pagam direitinho. Nunca deixaram de nos repassar o que temos direito”, afirma Andrade que começou no negócio em dezembro de 2012 e já em fevereiro fez um novo investimento. O radialista se preparava para mudar de categoria e avançar como coordenador de rede da Telexfree, montando uma equipe própria de trabalho.
Ex-gerente administrativo de empresas privadas, Jardson Timóteo foi um dos primeiros a acreditar que a Telexfree poderia ser um bom negócio. Há mais de um ano largou a atividade profissional que exercia para se dedicar à empresa. Ele começou com um investimento de R$ 600, mas não cita ganhos atuais.
Já A.M.S é um dos que estão no prejuízo. Ela se cadastrou há dois meses. Fez empréstimo bancário no valor de R$ 2,8 mil para investir na Telexfree. Dois dias após o pagamento da primeira parcela do que seria o retorno ao investimento saiu a decisão da Justiça. Os que se cadastram recentemente e os que resolveram reinvestir valores ganhos foram os que sentiram maior impacto com a ação judicial.
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