“TODA CRIAÇÃO NESTE NOSSO HORIZONTE TEMPORAL, AQUI, NESTE CHÃO EMPOEIRADO ONDE NÓS PISAMOS, É FEITA A PARTIR DE ALGO JÁ PRONTO, PORTANTO; CRIAR É TECER COM OS FIOS COLORIDOS DA DÁDIVA!” (MARCOS ALMEIDA)
Por Antognoni Misael
O mais novo trabalho da banda de Rock brasileira (que nem é secular, nem gospel, mas que toca no mundo e na igreja) assim como o anterior, novamente me surpreendeu. Intitulado de “Sobre o mesmo chão”, o disco é como um livro sonoro que precisa ser bem lido, apreciado e aproveitado.
Por trás de toda versatilidade poética de Marcos Almeida, líder da banda, se encontra o que ele mesmo chama de “os fios coloridos da dádiva”. Certo de que toda inspiração para arte vem do Pai das Luzes (Tg 1.17), Almeida dá pistas de que a cosmovisão da banda é uma mescla de Evangelho descomplicado, Rock in Roll, MPB, Filosofia, Literatura e uma pitada pessoal do jeito de ser de cada integrante do grupo.
Para mim, e acredito que para tantos, a canção “Rookmaaker” do disco anterior e regravada novamente em “Sobre o mesmo chão” tornou-se uma espécie de apresentação pessoal da banda ante os desafios da arte cristã na contemporaneidade. O pensamento do crítico holandês (Rookmaaker) parece bem compreendido pela música do {Palavrantiga}, que por sinal reverbera um discurso de interação com o mundo sem dicotomias, tecendo na diversidade, olhando por cima de rótulos religiosos e desdenhando da obrigação de justificar a sua própria arte.
Diante da ascensão do mercado Gospel, da popularização da música dita Gospel, dos intensos debates e segmentações a respeito do rumo da música evangélica no Brasil, ao que me parece, {Palavrantiga} passeia na liberdade de fazer arte, pensamento, forma e conteúdo. Portanto, talvez o desnecessário vício de estandardizar padrões musicais ainda vigore diante dessa época de disparidades, banalização, “fogo amigo”, ou o que quer que se pense por aí. Contudo a sensação que sinto no “Palavra…” é a liberdade de se espalhar sem o mínimo de reserva ou peso religioso a Boa Nova de Jesus por tudo que for lugar.
Como uma banda de Rock, e não um ministério de Levitas, não vejo melhor forma de viver o ofício do que esta: passeando o amor e a vida “Sobre o mesmo chão”, sobre o mundo.
Por fim, como toda criação é feita a partir de algo já pronto, como bem frisou Almeida no texto inicial, aqui vai uma breve tecelagem do que ouvi em “Sobre o mesmo chão” e minhas rápidas sensações, por assim dizer, poéticas:
“Sobre o mesmo chão está o Muro, e o Lado de lá, que você esqueceu” {Palavrantiga}. Pois, vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte (Mt 5:14.)
“E a gora tanto faz o que é sagrado. Nada importa se isso tudo não for antes santificado bem no interior do meu peito deserto” {Palavrantiga}. Pois, “para um homem que vive para Deus nada é secular, tudo é sagrado” (C.H. Spurgeon).
“Branca, a pele tão branca não esconde a pureza da alma. É claro, só mostra essa força que salta e inspira a gente a caminhar {Palavrantiga}. Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre. Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania De ter fé na vida. (Milton Nascimento)
“Já faz um tempo que eu me apego naquele livro que anuncia minha liberdade” {Palavrantiga}. Pois se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.(Jesus em João 8:36)
“Ela saiu sozinha, longe de casa está. Mal se despiu ao mundo, vejo o medo no seu olhar” {Palavrantiga}. E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? (Jesus em João 8:10)
“Deixa eu viver a boa nova. Deixa eu me encontrar com esse amor todos os dias” {Palavrantiga}. Pois a felicidade é uma porta que sempre se abre pra fora. Quem forçá-la para dentro ordena que o amor vá embora. (Kierkegaard em Jorge Camargo)
“Meu lar feito sobre a rocha. É casa aberta pra gente ficar. É canto que eu vi, bem antes de estar. É perto do Pai. Meu rumo, meu cais” {Palavrantiga} Pois, Lá está o meu tesouro, lá onde não há choro. Onde todos cantaremos juntos hinos de louvor ao Senhor (Vencedores Por Cristo).
***
Antognoni Misael é historiador, músico e editor do blog Arte de Chocar. É co-editor do Púlpito Cristão, amante da boa música e dependente total da graça de Deus. Fonte: Arte de Chocar. Divulgação: Púlpito Cristão.
Do Blog Pulpito Cristão
0 Comentários