Fonte:
Edward Snowden fala em
"era dourada da vigilância"
EPA/PANTELIS SAITAS
Norte-americano disse ainda não estar preocupado com o seu destino
O
ex-analista informático da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos
(NSA) Edward Snowden, afirmou esta terça-feira que se vive uma "era
dourada da vigilância" dos cidadãos, que os governos não têm interesse em
impedir.
Falando por
vídeo-conferência, a partir da Rússia, na feira da indústria informática CeBIT,
que se realiza em Hanover, na Alemanha, Snowden afirmou que pouco mudou desde
que denunciou a vigilância em massa indiscriminada feita pela NSA a cidadãos de
todo o mundo seguindo o seu rasto na internet e através dos telemóveis.
"Não
são precisos fornos micro-ondas" para se seguir os movimentos dos
cidadãos, porque milhões de pessoas têm câmaras no bolso e em casa, instaladas
em telemóveis, televisões e computadores, ironizou, aludindo a uma afirmação de
uma conselheira da Casa Branca, Kellyanne Conway, que disse que os micro-ondas
podem ser transformados em câmaras.
Citando o
representantes das Nações Unidas para a privacidade dos dados, Snowden afirmou
que os governos não demonstram interesse em evitar o que se chama no jargão das
agências de informações "recolha em massa" e apostar em segurança
informática.
As agências
de vigilância mundiais, das quais as norte-americanas são "as mais bem
orçamentadas", enfrentaram reações por parte de empresas que não querem
que os dados dos seus clientes sejam vigiados e optam agora, para além de
recolha indiscriminada de quantidades de dados, por "ataques
dirigidos".
O
armazenamento virtual de dados pessoais em "clouds" na Internet,
estejam alojadas nos Estados Unidos ou em outro país, não é seguro porque os
dados não encriptados são como "um produto que não passou por qualquer
controlo de qualidade".
Empresas
como a Google "têm acesso a tudo" o que é armazenado nos seus
servidores, indicou.
Questionado
sobre o seu futuro, desde um eventual asilo na Alemanha ou extradição da Rússia
para os Estados Unidos como parte de uma troca política combinada entre os
presidentes russo e norte-americano, Snowden desvalorizou a sua importância
como "ícone" de uma campanha contra a vigilância em massa e reafirmou
que revelou os métodos da espionagem norte-americana obedecendo à sua
consciência.
"A
razão pela qual vim a público e arrisquei não era estar seguro. Se quisesse
isso, tinha continuado a trabalhar no Hawai para a NSA, ganhando muito dinheiro
por relativamente pouco trabalho", afirmou.
Snowden
reforçou não se preocupar com o seu destino, sabendo que pode ser extraditado
ou julgado por espionagem: "Eu não me preocupo com isso e sofrerei as
consequências das minhas escolhas, sejam elas quais forem", afirmou.
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