Gravações mostram tentativa de ministro de Temer de impedir avanço da Lava Jato
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Senador licenciado e presidente nacional do PMDB, Jucá é um dos integrantes do governo investigados na força-tarefa da operação; áudios foram obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo
Ministro do Planejamento do governo interino de Michel Temer, o senador Romero Jucá aparece em gravações propondo uma forma de impedir o avanço da Operação Lava Jato, força-tarefa que o tem entre os investigados. As informações foram publicadas na edição desta segunda-feira (23) do jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com a reportagem, os áudios, entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, são de março passado, semanas antes de a Câmara dos Deputados aprovar a abertura do processo contra Dilma Rousseff. O interlocutor do peemedebista passou a procurar líderes do partido por temer que processos contra ele fossem migrados de Brasília para Curitiba, onde seriam julgados por Sérgio Moro.
"O Janot [Rodrigo Janot, procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho", diz Machado em um dos trechos. Ele acreditava que o envio de seu caso a Curitiba seria uma forma de convencê-lo a fazer delação premiada para incriminar lideranças do PMDB. "Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu desça? Se eu descer..."
Nas gravações, Jucá, um dos principais articuladores do processo de impeachment de Dilma – e o homem responsável por anunciar o rompimento do PMDB com o PT, quase dois meses atrás –, afirma ainda que somente uma mudança no governo federal seria capaz de "estancar a sangria" causada pela Lava Jato no meio político.
"Só o Renan [Calheiros] está contra esta porra [o impeachment]. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra".
Ainda de acordo com os áudios, Jucá classifica como grave a situação de vários políticos em relação a envolvimentos com ilícitos investigados pela operação e afirma que o primeiro a ser "comido" pela força-tarefa será o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB.
"A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado", diz Machado em um trecho. "Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com...", prossegue Jucá. "Caiu [a ficha dos políticos do PSDB] Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador] [...] Todo mundo na bandeja para ser comido."
De acordo com o advogado de defesa de Jucá, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a conversa entre os dois foi "totalmente republicana". Ele alega que o peemedebista jamais teve a intenção de interferir nas investigações sobre o esquema de corrupção em contratos da Petrobras.
Segundo Kakay, "juridicamente" não há "nenhuma gravidade" no que teor da gravação que foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira. "Em 1h15 de conversa aquilo é o que virou notícia? Isso não nos preocupa em nada", disse.
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